Flor de Mandacaru e Matutos do Rei são reconhecidas como Patrimônio Imaterial de Açailândia

As quadrilhas juninas Flor de Mandacaru e Matutos do Rei foram declaradas Patrimônios Imateriais de Açailândia neste mês de abril, dia 22. Para Leidiane de Souza, que faz parte da equipe de produção artística da Flor de Mandacaru, as juninas representam a maior expressão cultural da cidade. “Ser reconhecida como Patrimônio Imaterial é uma declaração pautada de simbolismo na medida em que reconhece, com todas as nuances, a grandiosidade da cultura do nosso município”, afirma Leidiane. 

Arquivo da Junina Flor de Mandacaru, Arraiá da Mira 2024.

O reconhecimento aconteceu por meio do Projeto de Lei nº 24/2025, de autoria dos vereadores Erivelton Trindade, Kell Matos e Dr. Thiago Ferreira. O projeto foi aprovado em plenário da Câmara Municipal e teve como motivação a luta e resistência desses grupos culturais. “São anos de luta silenciada e muitas vezes invisibilizada, mas que por sua força e importância foi agora reconhecida”, diz Jaira Ruama, coordenadora geral da junina Matutos do Rei.

Arquivo da Junina Matutos do Rei, espetáculo 2024.

Para Leidiane de Souza, um dos maiores desafios no trabalho com as quadrilhas juninas é o preconceito de pessoas. Assim, “o reconhecimento nos coloca em um lugar de dignidade ao qual é de direito de todo produtor e fazedor de arte”, comenta. Para Jaira, a principal dificuldade sempre foi a financeira, mas com a honraria recebida vai ser mais fácil conseguir recursos financeiros, seja do poder público ou de empresas privadas. Ela relata que no mesmo dia da aprovação do projeto, uma verba foi garantida para as juninas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do município.

Para continuar com as  atividades, muitas quadrilhas se organizam como associações culturais. Isso permite que elas tenham uma estrutura jurídica que facilite a busca por apoio, recursos e os seus direitos. “A Matutos do Rei é a primeira junina da região Tocantina a se regularizar na forma de associação cultural, o que motivou outras quadrilhas a também fazer suas constituições jurídicas e buscar meios de sobreviver e enfrentar as dificuldades”, explica a coordenadora geral do grupo. 

Arquivo da Junina Matutos do Rei, espetáculo 2024.

As representantes dos grupos afirmam que o título não muda o trabalho que as quadrilhas juninas de Açailândia já fazem há muitos anos. Porém ele impulsiona e fortalece os movimentos culturais. Para Leidiane de Souza fazer parte da Flor de Mandacaru é uma das suas melhores experiências. “É viver uma imersão artística que te projeta para um universo cultural poderoso e mágico”, declara.

Arquivo da Junina Flor de Mandacaru, Arraiá da Mira 2024.

Jaira Ruama deseja que mais jovens procurem as juninas, não só em Açailândia, mas em todo o Maranhão. “O espetáculo junino é feito com muita gente e é também um lugar de muito acolhimento para pessoas de todas as idades e formas de identificação social. O nosso trabalho é um trabalho muito forte. É um trabalho que reforça o conhecimento, o senso crítico. Eles aprendem a dançar, se profissionalizam, aprendem iluminação, teatro”. Para ela, o movimento junino é um espaço de acolhimento, aprendizado e valorização. 

O que significa ser um Patrimônio Imaterial?

Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), os bens culturais de natureza imaterial são as práticas, saberes, celebrações e expressões artísticas. A Constituição Federal de 1988, expandiu a noção de patrimônio ao incluir o reconhecimento sobre a representação da identidade dos diferentes grupos que formam a sociedade brasileira. 

Para saber mais sobre o movimento junino do Maranhão, acesse e escute o PodAssobiar Nos bastidores do tablado, um Podcast de produção exclusiva do Portal Assobiar que narra a trajetória e as histórias das quadrilhas juninas estilizadas do MA.

Ana Maria Nascimento

Sou Ana Maria Nascimento (ana.mcn@discente.ufma.br), estudante do 7° período do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), campus Imperatriz/MA. Gosto muito de escrever conteúdos culturais e acredito que o jornalismo se faz no encontro com o outro e na escuta que respeita.
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