Lutadora maranhense é campeã sul-americana de MMA após derrotar colombiana

Imperatrizense conquista título de campeã sul-americana de MMA amador pela Confederação Brasileira de MMA Desportivo.

A imperatrizense Regiane Borges, conhecida no mundo da luta como Regiane Tatália, realizou um grande feito no início deste mês de abril: ergueu o título de campeã sul-americana de MMA amador representando a Confederação Brasileira de MMA Desportivo, a CBMMAD, depois de derrotar a lutadora colombiana Sharon Nicole Vargas Baron.

O embate entre as duas lutadoras ocorreu no dia 07 de abril, no Arnold South America MMA Open, que faz parte do Arnold Sports Festival South America, maior evento multiesportivo da América do Sul, que aconteceu de 5 a 7 de abril, na cidade de São Paulo. O festival reuniu diversos setores de nutrição, fitness e saúde, além de atrações, profissionais, atletas, praticantes de atividades físicas e amantes de esporte.

Regiane garantiu o cinturão em uma vitória por nocaute técnico no segundo round, na categoria peso mosca (56,7 kg). Um nocaute ocorre quando um golpe ou sequência legal de golpes incapacita o oponente sem interrupção externa necessária. No boxe, isso é quando um lutador é derrubado e não se levanta dentro da contagem do árbitro; no MMA, não há contagem após a queda. O nocaute técnico acontece quando o árbitro interrompe a luta para prevenir danos sérios, quando o treinador joga a toalha, o médico declara que o lutador não pode continuar com segurança, ou quando o lutador não consegue se defender, como foi o caso da oponente colombiana.

A imperatrizense explicou como se deu a representação na seleção brasileira de MMA. “A minha luta foi casada, eu fui selecionada para representar o Brasil, e eu tendo essa oportunidade de representar o Brasil eu já faria parte da seleção e seria classificada para o Panamericano. O desafio era para ver qual dos países iria participar [Brasil ou Colômbia] no Panamericano. Acabei ganhando.”

O termo “luta casada” em MMA indica que a luta foi planejada e acordada entre os competidores e os organizadores antes do evento, buscando criar uma luta equilibrada, neste caso os lutadores são emparelhados com base em seus pesos e habilidades.

Com três vitórias e uma derrota, Regiane Tatália, de 24 anos, já atuou no boxe, mas se destaca hoje no cenário do MMA. Mora atualmente na cidade mineira de Varginha e faz parte da equipe da Academia Ribas, da família da lutadora de MMA Amanda Ribas. A atleta cumpre uma rotina puxada de treinos e enfatiza sua dedicação para alcançar seus objetivos, incluindo o Panamericano, ao mesmo tempo lida com a saudade da família que está em Imperatriz e a preocupação em se manter financeiramente em outra cidade.  

 “O período de preparo foi como todos os outros do MMA até aqui: treinando durante toda a semana, fazendo ‘os bicos’ durante o fim de semana. Graças a Deus consegui encontrar um outro serviço que encaixa bem porque eu não posso trabalhar durante a semana por conta dos treinos. E é aquela, não larguei minha família para nada, né? Então o foco sempre é a luta. Essa vitória agora em cima da colombiana com o título brasileiro me alavanca mais ainda para o Panamericano pela seleção brasileira. Saudade demais da família. Tá doido! Um ano já, um ano longe da minha mãe, sem poder ver ela. Não deu para ir nesse final de ano agora, mas meus planos é quando for, passar um mês agarradinho. Me sinto muito feliz, realizada por ter conquistado esse título porque a Amanda [Ribas] é embaixadora da seleção brasileira de MMA e eu treinando na academia me sinto lisonjeada por ela ter me entregado o cinturão no pódio.”

Apesar do orgulho pela conquista, Tatália lamenta a falta de reconhecimento em sua cidade natal, Imperatriz. Determinada a alcançar seus sonhos, espera inspirar mais visibilidade para o MMA feminino e para os atletas maranhenses.

“Não parei para pesquisar ainda, mas acho que eu sou a primeira maranhense a entrar para seleção brasileira de MMA. Eu fico triste porque não tenho tanto reconhecimento pela minha cidade. Acho que não valorizam tanto o esporte, só quando a gente chega no pódio, no caso da Rayssa [Leal], né? Tive o prazer de acompanhar um pouco da trajetória dela de perto, pô vendendo rifa. E hoje em dia eu me encontro na mesma altura, fazendo rifa para poder ir para os campeonatos. E é aquela: eu sei onde eu vou chegar e eu sei aonde eu quero chegar e eu tô batalhando por isso. Abri mão de muita coisa, até da minha família, de estar perto, de ter as datas e tudo mais para poder alcançar esse objetivo. E eu me sinto orgulhosa de mim porque eu sei o que eu tô fazendo e eu sei a coragem que eu tenho e tenho quase certeza de que eu sou a primeira maranhense, a primeira imperatrizense também a conquistar o título sul-americano pela seleção brasileira sendo mulher, né? Eu acho que falta um pouco de visibilidade nesse aspecto.”

Sobre MMA e o Arnold South America MMA Open

O MMA, ou Mixed Martial Arts, combina técnicas de diversas artes marciais, como Jiu-jitsu, Muay Thai e Judô, tanto em pé quanto no chão. As competições de MMA são divididas por peso. As mulheres competem nas categorias peso palha, peso mosca, peso galo e peso pena, enquanto os homens competem em mais seis categorias, incluindo uma para atletas acima de 120,2 kg.

No Arnold South America MMA Open as lutas foram organizadas em categorias divididas por idade e peso. Na categoria Youth C (12/13 anos), houve disputas até 40 kg no feminino e masculino. Já na categoria Youth B (14/15 anos), as lutas abrangeram pesos variados, desde 40 kg até 72 kg no masculino e até 67 kg no feminino. Para os participantes da Youth A (16/17 anos), as categorias incluíram peso palha, galo, pena e leve, tanto para homens quanto para mulheres, com limites específicos de peso em cada uma. Além disso, no evento também houve competições na categoria sênior, para lutadores acima de 18 anos, abrangendo diversas classes de peso e o desafio internacional com atletas do Brasil e da Colômbia.

Idayane Ferreira

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