O projeto oferece aulas totalmente gratuitas e voltadas para jovens e adultos periféricos com mais de 15 anos que desejam aprender a ler e escrever.
O curso de Pedagogia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), campus Imperatriz, em parceria com o Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o projeto Mãos Solidárias, promove o recrutamento de educadores para a Jornada de Alfabetização de Jovens e Adultos nas periferias de Imperatriz.
O objetivo do projeto é ensinar pessoas com mais de 15 anos, que vivem nas periferias, a ler e escrever. A jornada contemplará pelo menos 22 bairros afastados do centro da cidade, entre eles Grande Santa Rita, Cafeteira, Recanto Universitário, Vila Davi e Conjunto Vitória. Segundo Mikaellen Santos, coordenadora do projeto e militante do MST, a jornada tem o propósito de erradicar o analfabetismo no Maranhão. Ela explica que o MST é um aliado na causa e, há muito tempo, promove práticas educativas como essa em nível nacional: “A ideia é erradicar o analfabetismo no Brasil, a partir de experiências anteriores, o MST viu a necessidade de fazer a jornada de alfabetização nas periferias urbanas. o Método de alfabetização utilizado é o Cubano e se chama Sim, eu posso”.
Serão recrutadas 50 turmas em Imperatriz. Mikaellen explica: “Inicialmente a gente vai mobilizar 50 turmas na região de Imperatriz. A cada 10 turmas a gente vai ter um coordenador. Agora estamos num processo de mobilização para recrutar educadores e professores”.
O projeto começou no início de fevereiro e, até o momento, já foram organizadas 20 turmas. A educadora afirma que, caso haja necessidade, poderão ser abertas até 60 turmas.
O mapeamento dos locais onde as salas de aula serão instaladas será realizado após a formação das 50 turmas. Segundo Mikaellen, as aulas ocorreram em espaços de convívio comuns das comunidades, como pastorais de igreja, salas de associações de moradores e outros ambientes alternativos. A coordenadora destaca que essa escolha facilita o acesso dos estudantes, permitindo que frequentem locais próximos.
A jornada terá duração de cinco meses, sendo quatro dedicados exclusivamente à alfabetização em sala de aula e um voltado à aplicação prática do aprendizado por meio de cursos e minicursos. De acordo com a educadora, serão oferecidas formações alinhadas à realidade e ao cotidiano dos alunos, como cursos de receitas e culinária. Ela destaca que muitas turmas são compostas por idosos, que demonstram grande interesse nessas atividades, tornando essas demandas especialmente relevantes.



As aulas ocorrem quatro vezes por semana, com duração de duas horas diárias, e os dias e turnos são definidos conforme a necessidade de cada turma. Mikaellen explica que a orientação é para que as aulas ocorram a partir das 18h, considerando que muitos participantes trabalham durante o dia e, frequentemente, instruções diretamente do serviço para a sala de aula. No entanto, ela ressalta que, caso haja demanda, também poderão ser formadas turmas nos turnos da manhã ou da tarde.
A professora do curso de Pedagogia e coordenadora adjunta da jornada, Lizandra Guedes, explica que o método a ser utilizado em sala de aula teve origem em Cuba, em 1961. Segundo ela, o método consiste na associação de letras e números para facilitar o aprendizado. “No Brasil ele foi se transformando e vem trazendo símbolos e vivências da realidade de pessoas não-alfabetizadas”, explica. O aprendizado é dinâmico, os educadores por exemplo, costumam passar telenovelas em sala de aula. Os alunos assistem a esses programas, e a partir de diálogos são ensinados pelos educadores a construírem palavras e frases escritas.
Mikaellen destaca que esta técnica traz aproximação com a pessoa não alfabetizada: “É um método que usa vídeo-novelas, decodificação, utilizando símbolos que jovens e adultos a partir de 15 anos lidam no seu cotidiano. Abordaremos também temas da atualidade, a formação comunitária, os direitos que foram negados historicamente para as pessoas que estão à margem da sociedade”.
Gustavo Soares, estudante do último período do curso de Pedagogia e em fase de produção do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), se inscreveu na jornada como educador. Ele considera essa experiência uma grande oportunidade de aprendizado: “Participar do projeto, como estudante de pedagogia, me dá oportunidade de ampliar os conhecimentos aprendidos na universidade e durante a formação de educadores. Alfabetizar também é um ato de inclusão, à medida em que todos os sujeitos podem aprender independente de etnia, posição social, identidade de gênero, deficiências e idade”, ressalta.
As inscrições estão abertas para formados ou formandos em Letras e/ou Pedagogia que desejam atuar como educadores populares no projeto Jornada de Alfabetização de Jovens e Adultos nas Periferias . Os interessados podem entrar em contato com Mikaellen Santos pelo telefone (99) 99157-7975 ou com Gustavo Soares pelo telefone (99) 98417-4650 .
Me formei em jornalismo pela Universidade Federal do Maranhão em 2024, trabalhei em produção de TV e reportagem, produção publicitária e analista de comunicação. Atualmente trabalho como repórter freelancer no Portal Asssobiar, desenvolvendo pautas com temáticas em cultura e direitos humanos. Me interesso por jornalismo cultural e comportamento.
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