A comunicação é fundamental para o desenvolvimento humano, e a Língua Brasileira de Sinais (Libras) desempenha um papel crucial na inclusão das pessoas surdas. Jean Carlos Pinheiro, professor e tradutor-intérprete de Libras com 35 anos de experiência, destaca os desafios enfrentados por essa população no acesso a serviços essenciais, como saúde, educação e mercado de trabalho.
Segundo Jean, a falta de profissionais capacitados em Libras na área da saúde compromete o atendimento, e dificulta os diagnósticos e tratamentos. Na educação, apesar da presença de uma Escola Bilíngue em Imperatriz e outra em São Luís, a carência de professores especializados, materiais didáticos acessíveis e tecnologias assistidas limita o aprendizado dos surdos.
O cenário no mercado de trabalho também é preocupante. “O preconceito e a falta de políticas inclusivas restringem oportunidades reais de crescimento. Muitas contratações ocorrem apenas para cumprir cotas, sem oferecer suporte adequado”, aponta Jean.
O intérprete também sugere formas para que os órgãos governamentais melhorem o acesso à informação e à comunicação para surdos, promovendo sua inclusão na sociedade. “É essencial investir na formação de intérpretes de Libras e incentivar seu uso em serviços públicos e privados. Na educação, a ampliação de escolas bilíngues e a capacitação de professores são fundamentais. No campo tecnológico, devem ser criadas ferramentas acessíveis, como aplicativos de tradução em Libras e vídeos legendados. Campanhas de conscientização e a fiscalização de leis, como a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015), são cruciais para assegurar os direitos da comunidade surda”, completa Pinheiro.
Em Imperatriz, a Escola Municipal de Educação Bilíngue para Surdos ‘Professor Telasco Pereira Filho’ atua desde 2012 e conta atualmente com cerca de 21 professores em seu corpo docente. A gestora da escola, Elisandra Lima, ressalta que a instituição é prioritariamente voltada para pessoas surdas, mas promove a interação com alunos ouvintes em projetos e atividades da Secretaria Municipal de Educação (SEMED). “A escola é voltada para pessoas surdas, mas promove a interação com alunos ouvintes em projetos e atividades da SEMED”, afirma Elisandra.
Ela destaca que todos os professores possuem formação específica em Libras, com carga horária de 360 horas, conforme determina a legislação municipal. Além disso, Elisandra enfatiza a importância de matricular as crianças na escola o mais cedo possível para facilitar o processo de ensino. “Quanto mais cedo a matrícula do aluno na instituição, melhor. Alguns alunos iniciam o processo de educação bilíngue tardiamente, no 9º ano, o que dificulta a aprendizagem da L1 (Libras) e da L2 (Língua Portuguesa na modalidade escrita)”, completa a gestora.
Além das opiniões de especialistas e gestoras, a experiência de Heitor Lima, um aluno de 7 anos que atualmente está na segunda série da Escola Municipal de Educação Bilíngue para Surdos Professor Telasco Pereira Filho, também contribui para a compreensão dos desafios e benefícios da educação bilíngue. Heitor compartilhou um pouco sobre o que gosta na escola e as dificuldades que enfrenta no aprendizado. Para ele, o que mais gosta na escola é “encontrar meus colegas”, e ele descreve a interação com seus professores e colegas como “divertida”. Quando perguntado sobre o significado da Língua Brasileira de Sinais (Libras), Heitor respondeu de forma simples, mas profunda: “inclusão”.
Entretanto, Heitor também reconhece os desafios do aprendizado bilíngue. Ele mencionou que “aprender as duas línguas ao mesmo tempo” é uma das dificuldades que enfrenta. Para superar essas dificuldades, ele conta com o apoio constante de sua professora, que o ajuda sempre que necessário. A experiência de Heitor evidencia tanto as vantagens da inclusão por meio da Libras quanto os desafios do processo de aprendizagem simultânea de duas línguas, reforçando a importância de um suporte pedagógico adequado e a continuidade dos esforços para promover a inclusão na educação.
Alisson Coelho Silva (acoelho796@gmail.com). Estou no 7º período do curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), campus Imperatriz-MA. Desde 2024, sou estagiário no Portal Assobiar: produzo matérias com diversas temáticas e, dessa forma, contribuo para a ampliação de conteúdos e a cobertura jornalística da região.