Jornalista lança podcast inspirado em expressão maranhense para celebrar a cultura local
Rodrigo Araújo, recém-formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), teve a ideia de criar o podcast Bem Ali durante a disciplina de Radiojornalismo, ministrada pela Prof.ª Dr.ª Izane Mustafá, coordenadora do Grupo de Rádio e Política do Maranhão. Na época, o então estudante percebeu a ausência de veículos de mídia na cidade que abordassem especificamente temas de cultura e diversidade. Foi então que surgiu a ideia de criar um produto experimental como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC):
“Monografia eu já sabia de certeza que eu não queria fazer, já estava na minha cabeça. Aí fui me aproximando da professora Izane, fui gostando da disciplina. Consequentemente, veio a Izane, veio o rádio, veio Rosana, a técnica do curso de Jornalismo. Essa proximidade com as três me fez perceber que não existia nenhum produto em áudio que tratasse de cultura e diversidade em Imperatriz”, relata Rodrigo.
A partir desse insight, o Bem Ali começou a ser projetado, mas ainda sem sair do papel ou sem a inclusão da expressão tão característica de Imperatriz. O nome do podcast surgiu de forma espontânea: “Bem Ali é uma expressão muito regional. No Maranhão, especialmente em Imperatriz, a gente não fala que vai a tal lugar, nós dizemos: ‘Vamos bem ali’. Isso traz uma proximidade com os ouvintes, porque quando falamos ‘bem ali’, dá a ideia de que o local está perto, mas nunca é de verdade (risos)”.
“Passear sem sair do lugar” é o mote principal do podcast. Para alguns, isso pode parecer impossível, mas não para Rodrigo. As histórias contadas transportam os ouvintes para viagens emocionantes pelos desafios e conquistas de três artistas imperatrizenses: “É um passeio. Eu tive essa ideia de que uma conversa pode ser como um passeio pela história do convidado, daquele personagem, porque são histórias que merecem e devem ser compartilhadas, não só como um TCC, mas como uma celebração da cultura regional de Imperatriz.”
Os três episódios exploram como esses personagens enfrentaram dificuldades e resistiram como artistas em uma cidade que ainda valoriza pouco a cultura. O primeiro episódio aborda a história de Akira, drag queen, DJ e performer; o segundo, a trajetória de Rogério Benício, diretor da Companhia de Teatro Okazajo; e o terceiro narra a jornada da bailarina Bruna Viveiros. Todos eles elevaram o nome de Imperatriz por meio de sua arte.
No primeiro episódio, Akira relembra como assumiu sua homossexualidade aos 16 anos e enfrentou a homofobia familiar, sendo forçada a sair de casa aos 18. Entre os desafios vividos, Kevem Matos, que dá vida à Akira, conta como começou a fazer drag há seis anos. Atualmente, mora fora de Imperatriz e divide o tempo entre trabalho CLT e sua arte.
No segundo episódio, Rogério Benício narra como liderou o Okazajo desde o ensino médio. Prestes a completar 18 anos, enfrentou inúmeras dificuldades para conduzir a companhia até o reconhecimento. Para ele, a perseverança segue sendo a marca do grupo até hoje.
Já no terceiro episódio, a bailarina Bruna Viveiros compartilha sua trajetória na dança, sua formação acadêmica, o impacto do reality show Só Dança, no qual foi finalista, e seu papel de destaque como noiva da junina Arrasta Pé.
Desde o primeiro episódio, Bem Ali tem alcançado ótimos resultados. Rodrigo destaca a riqueza cultural da região e a recepção do público: “A gente é muito rico em cultura. As pessoas não sabem, mas eu consegui um alcance muito grande com o podcast de forma orgânica. As redes sociais também me ajudaram bastante.” Ele planeja continuar explorando novas histórias: “Quero abordar temas que não consegui contemplar neste podcast, como literatura, danças regionais e o movimento circense, com nomes como Jô Peteleco e o Clube de Habilidades Circenses, que são muito conhecidos aqui na cidade.”
O podcast está disponível no Spotify pelo perfil da Web Rádio UFMA ITZ. Confira os episódios:
Por: Rennan Oliveira