A medicina integrativa, também chamada de Práticas Integrativas e Complementares em saúde, contribui para a recuperação e a prevenção de agravos relacionados a doenças.
Chegar em casa depois de um longo dia de trabalho e estudos é uma realidade para muitos brasileiros. Acompanhada dessa situação, podem surgir cargas excessivas de irritabilidade e estresse. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 90% da população mundial vive estressada. Essas respostas do corpo surgem principalmente em razão de uma rotina corrida e das pressões no trabalho. Os sinais são um alerta e podem desencadear uma série de outras doenças. É o que afirma o psicólogo Alberto Clezio, Coordenador Geral da Rede de Saúde Mental de Imperatriz: “O estresse e a irritabilidade excessiva podem desenvolver doenças, como depressão e outros distúrbios neurológicos, sintomas depressivos de forma crônica e incapacitante, tendo como principal sintoma a irritabilidade diária. Abala o nosso emocional, podendo levar à agressividade, ansiedade e comprometimento social.”
Em Imperatriz (MA), existe um núcleo especializado para o tratamento de problemas relacionados à saúde mental, composto por três Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e um ambulatório com serviços multidisciplinares, conforme recomendado pelo SUS. Segundo Alberto Clezio, atualmente cerca de 10 mil pessoas recebem tratamento psicoterapêutico na rede de saúde mental imperatrizense, incluindo moradores de áreas próximas à cidade. Devido à alta demanda, universidades e faculdades instalaram clínicas-escolas de psicologia que oferecem serviços gratuitos para a população, uma medida importante para aliviar a sobrecarga da rede de saúde municipal.
Além desses tratamentos, desde maio de 2006, o SUS reconhece e oferece práticas integrativas e complementares como alternativas válidas para o tratamento de doenças físicas e mentais, conforme a Portaria GM/MS N° 971. Esse tipo de alternativa é parte da rotina de Maria Félix, que, após descobrir um câncer de mama em 2019 por meio de um autoexame, seguiu o tratamento tradicional recomendado por seu médico. Foi seu marido, funcionário da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), que lhe apresentou o Observatório do Cuidado, espaço que ela frequenta há um ano e onde afirma encontrar equilíbrio mental e espiritual. “Quando eu estava com câncer eu não conhecia, foi uma visita ao meu marido na universidade que eu fiquei sabendo, depois do câncer eu comecei a frequentar e até hoje continuo com as terapias integrativas. É um espaço que eu me encontro e recomendo para todos”.
O Observatório do Cuidado é um projeto de extensão do curso de pedagogia, idealizado pela Prof.ª Dra. Herli Carvalho. O projeto funciona com ajuda de quinze voluntários e conta com a participação de oito universidades. Terapias integrativas e holísticas de várias abordagens são oferecidas gratuitamente, incluindo escalda-pés, reflexologia podal, massoterapia, reiki, barras de access, imposição das mãos, alinhamento energético, tarô terapêutico, entre outras. Gabriela Macedo, integrante do observatório e formada em direito, foi apresentada às práticas holísticas em 2020 por meio de sua tia. Ela começou com a terapia de barras de access e, desde então, vem se aprofundando nessa área: “Fiz meu primeiro curso de barras de access e não parei mais, sempre me aprofundando nas ferramentas de access como processos corporais.”
O projeto ocorre todas às terças-feiras, das 8h às 18h, na UFMA, campus Centro, na sala de professores 2 e na brinquedoteca do curso de pedagogia. “Nosso Observatório do Cuidado surgiu a partir de um curso de aperfeiçoamento que coordenamos junto com o professor Manuel Alves Pereira e a professora Laureni de França. Criamos um projeto focado nesse atendimento, com o objetivo de beneficiar tanto as pessoas que trabalham e estudam na UFMA quanto a comunidade de Imperatriz, oferecendo práticas integrativas e atividades holísticas que conectam saúde, espiritualidade e as energias que possuímos e somos”, explica Herli.
A portaria do SUS reconhece 29 práticas integrativas, das quais o Observatório do Cuidado oferece 10. Em Imperatriz, apenas a arteterapia é oferecida na rede municipal de saúde, visando bem-estar, autocontrole e autoestima dos pacientes, segundo o coordenador de saúde mental. No Observatório, são oferecidas 13 terapias integrativas e holísticas, com uma anamnese inicial, que é a coleta de informações sobre o histórico e necessidades do paciente, para direcioná-lo à terapia mais adequada. Vale lembrar que essas terapias complementam, mas não substituem, os tratamentos tradicionais, conforme orienta a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares.
Por Rennan Oliveira