O Salimp e a lacuna cultural para as crianças de Imperatriz

Na última vez que escrevi aqui no Portal Assobiar, comentei sobre a escassez de lugares e atividades para crianças em espaços públicos de Imperatriz, especialmente nos bairros mais afastados do centro. Uma realidade que não pode ser ignorada e se agrava ainda mais com a notícia de que o Salão do Livro de Imperatriz (Salimp) não ocorrerá este ano.

Organizado pela Academia Imperatrizense de Letras, o Salimp não é apenas a maior feira literária do Maranhão, mas também um dos poucos eventos na cidade com programações culturais voltadas para crianças e jovens. Com o passar do tempo, o Salão se estabeleceu como um espaço especial para os pequenos, garantindo experiências enriquecedoras por meio de oficinas, contações de histórias e atividades que incentivam a leitura.

Vale lembrar que, com a pandemia do coronavírus, muitos eventos foram suspensos ou adaptados para o formato online, incluindo o Salimp. E que 2022, o Salão retornou em sua forma presencial, trazendo esperança e alívio para muitos. No entanto, a notícia de sua não realização em 2023, devido à falta de recursos, trouxe consigo uma preocupação: a lacuna cultural que se abre em Imperatriz, especialmente para as crianças.

Isso porque, a ausência do Salimp desde o início da pandemia é sentida não apenas pelos amantes da literatura, mas especialmente pelas crianças da cidade, que veem cada vez menos espaços de acolhimento cultural. Em uma era dominada por telas e distrações digitais, eventos como o Salimp oferecem uma oportunidade inestimável para as crianças se conectarem com a literatura, a arte e a cultura de uma maneira mais tangível e significativa.

E como é importante que esse público tenha experiências concretas com a literatura! Isso porque, a infância é um período crucial para o desenvolvimento de habilidades, valores e paixões. É nesse estágio da vida que as pessoas começam a moldar sua visão de mundo, suas preferências e seus interesses. O Salimp, ao proporcionar o contato direto com diversos autores, obras e atividades de fomento à leitura, desempenha um papel fundamental nesse processo de formação. Cada estande, cada contação de histórias, cada oficina, representa uma janela de oportunidade para despertar a curiosidade, a imaginação e o amor pelos livros.

Ao interagir com autores, as crianças têm a chance de entender os bastidores das histórias, humanizando os livros e tornando a literatura algo mais acessível e próximo de sua realidade. A diversidade de obras apresentadas no Salimp, desde clássicos a lançamentos contemporâneos, permite que as elas explorem diferentes culturas, tempos e perspectivas, ampliando e enriquecendo sua compreensão de mundo.

Mas a influência do Salimp vai além da formação literária. Ao estimular a leitura e a apreciação cultural desde cedo, o evento contribui para a formação de cidadãos mais críticos, empáticos e conscientes de seu papel na sociedade. Isso, porque essas crianças, imersas em experiências literárias, tem a incrível oportunidade de tornam-se jovens e adultos mais aptos a contribuir positivamente para o desenvolvimento de Imperatriz.

Em resumo, nossa cidade, marcada por seu talento e diversidade, merece mais do que tem recebido, não apenas em relação aos eventos culturais, mas em todos os setores (educação, saúde e infraestrutura…). Desde sua criação, o Salimp se estabeleceu como um marco cultural para as novas gerações e sua ausência é sentida em nosso calendário. Assim, enquanto esperamos ansiosamente pelo seu retorno em 2024, deixo um apelo pela valorização das ações culturais já existentes e a garantia que as crianças de Imperatriz tenham cada vez mais acesso a experiências culturais enriquecedoras, sendo efetivamente acolhidas nas agendas públicas da comunidade imperatrizense.

Aline Borges
Aline Borges

Sou imperatrizense com orgulho! Educadora, estudante, leitora e ouvinte de boas músicas e histórias. Pedagoga por formação, leciono na Uemasul de Açailândia e na Educação Básica em Imperatriz. Acredito no que disse Vinícius de Moraes “A vida é arte do Encontro”.

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Além das crises: as individualidades na infância atípica

No texto, a autora, também professora, aborda a necessidade de enxergar as crianças além de seus diagnósticos, especialmente quando se trata de autismo. Ela destaca a importância de não limitar as crianças por rótulos, mas sim de proporcionar experiências que promovam seu desenvolvimento integral, incluindo habilidades sociais e emocionais.

Achados na feira de troca de livros

Participar da feira de trocas de livros da biblioteca se torna um ritual cativante para a narradora, que descreve sua experiência de escolher cuidadosamente livros para trocar, encontrar preciosidades nas mesas de troca e se encantar com os achados literários. A atmosfera acolhedora e a oportunidade de renovar sua coleção de forma econômica e sustentável tornam essa experiência inesquecível.

HQ de Fato – Luto é um lugar que não se vê e O Novo Sempre Vem

HQ de Fato apresenta duas histórias impactantes. “Luto é um lugar que não se vê” aborda o cuidado amoroso em meio ao luto, enquanto “O Novo Sempre Vem” narra a vida e inspirações de Vannick Belchior, filha do icônico cantor Belchior. Ambas as narrativas oferecem uma visão sensível e reflexiva sobre amor, perda e herança emocional.

Uma crônica sobre uma crônica

O autor relembra uma crônica de Paulo Mendes Campos que oferece orientações para uma jovem de 15 anos, conectando-a à sua própria experiência ao escrever uma carta não enviada para si mesma. Discute a complexidade das relações humanas e da experiência de leitura, revelando sua preferência por obras específicas e abordando a incerteza subjacente à seleção de livros e à compreensão dos outros.

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