O Olho mais azul – Toni Morrison

Há décadas o mês de novembro tem se tornado referência para atividades que inspiram a luta, resistência e, principalmente, a rebeldia do povo negro, que historicamente tem sido os sujeitos do enfrentamento ao racismo, articulado nas diversas esferas da sociedade. Hoje minha indicação de leitura é sobre o livro de Toni Morrison, O Olho Mais Azul.

Toni Morrison nasceu em 1931, em Ohio, nos EUA. Formada em letras pela Universidade de Howard, estreou como romancista em 1970, com O olho mais azul. Foi a primeira escritora negra a receber o prêmio Nobel de literatura, em 1993. Aposentou-se em 2006 como professora de humanidades na Universidade Princeton. Faleceu em 2019.

Esse livro foi escrito na década de 70, no período em que os direitos civis nos Estados Unidos estavam no seu auge, mas não é sobre isso que ele vai falar, na verdade esse livro vai falar, principalmente sobre uma coisa que nem tinha nome nessa época: o colorismo; e como isso influenciava a vida de diferentes grupos negros em relação ao tipo de educação que recebiam, as oportunidades que tinham e até com quem se casariam.

O núcleo central da história é a família Breedlove, de negros de pele retinta e que vivem numa situação de pobreza severa. A protagonista, Pecola, reza todos os dias fervorosamente pedindo para ter os olhos azuis, porque assim talvez, ela fosse mais amada e aceita. No livro, constantemente a beleza dos personagens é medida de acordo com a tonalidade da sua pele e os traços dos seus rostos, como a cor dos olhos, o formato do nariz e espessura da boca.

A autora recheia o livro de histórias de origem e isso nos ajuda a humanizar personagens que você odeia no livro e também a perceber que cada personagem representa um estereótipo e que as suas vidas representam um ciclo no qual todos aqueles que se parecem com eles, estão presos, ou seja, estão fadados a repetir o mesmo destino; a não ser que algo muito radical acontecesse. Toni, tinha uma certa obsessão com o tom de pele dos personagens, porque para ela, mesmo entre os negros se era ensinado a odiar o tom de pele que eles tinham e buscar o clareamento. Embora a miscigenação fosse proibida em muitos estados, ela era valorizada entre os negros.

Bom, recomendo muito essa leitura, apesar de difícil, é super necessária e traz reflexões poderosas sobre os padrões de beleza, raça, classe social e gênero.

Andrelva Sousa
Andrelva Sousa

Graduada em Serviço Social pela UNISULMA e faço parte do Clube de Livros Mulheres em Prosa que é um grupo de leitura de mulheres que leem mulheres e que se reúnem uma vez a cada dois meses para debater uma obra de autoria feminina. Nessa coluna, pretendo compartilhar com vocês sobre as leituras que já fiz e quais as percepções que elas me trouxeram. Uma frase que gosto muito é da Rosa Luxemburgo que diz o seguinte: ”Quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem”.

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