O ano em que eu disse sim à diversão

 Pela primeira vez em meus 35 anos de vida, ousei colocar a diversão como meta principal do ano. E digo primeira vez com toda certeza porque, mesmo no que me recordo da infância e adolescência, esse sempre foi assunto de segunda categoria.

E foi com essa palavra-chave que coloquei os pés em 2023. Sentia que os outros compromissos nem precisavam ser ditos. Já quero adiantar que a missão foi bem cumprida. Uma missão linda, carregada de boas memórias e aprendizados.

Reconhecer a importância do comprometimento com o lazer, com o tempo com os amigos, com a família, com a disposição para experimentar coisas novas, conhecer lugares e pessoas novas me transformou. Chego próximo ao fim do ciclo do calendário com a certeza que foi o melhor que poderia ter feito por mim. Um baita presente.

Tome esse relato como um convite à experimentação.

Enchi meu baú de memórias, fiz várias viagens, reencontrei pessoas queridas, apaixonei, desapaixonei, tomei vários chopes, dancei muito – e que delícia. Agora não tenho mais dúvida de que momentos como esses, equilibradamente inseridos na rotina, se transformam em combustível, fonte de renovação.

Lembro, então, de uma frase da Brené Brown, autora de livros premiados como A Coragem de Ser Imperfeito: “Requer coragem dizer sim para o descanso em uma sociedade onde a exaustão é vista como símbolo de status”, ela diz.

Ouso acrescentar que também é preciso coragem para dizer sim à diversão e ao lazer nesta mesma sociedade que joga purpurina nas jornadas exaustivas de trabalho.

Nesta mesma sociedade que, no fundo, no fundo, infla os egos com os relatos de burnout.

Nesta mesma sociedade que diz “trabalhe enquanto eles dormem”.

Nesta mesma sociedade que nos incita a viver como ratos correndo na roda da ilusão da felicidade traduzida em coisas puramente compráveis – e quanto mais cara melhor.

É preciso coragem para, de fato, afrouxar o riso nesta sociedade em que a performance com prazo de 24 horas das redes sociais é mais importante do que a experiência vivida na carne.

É preciso coragem para viver e se realizar sem a necessidade de registro em telas.

É preciso coragem para transformar-se, mudar de perspectiva, mover valores.

É preciso coragem para ter coragem.

E que venham as novas palavras-chave para o ano que se aproxima. Estou pronta para chacoalhar mais uma ou algumas velhas visões. E você, vem comigo?

Mari Leal
Mari Leal

Mulher preta, baiana do interior, mas acolhida pela capital (Salvador). Jornalista de formação, fui pescada para a cobertura política muito cedo, e aí estou há uma década. Na vida, um ser que deseja experimentar a multiplicidade do Universo e dos universos (humanos). Um coração pisciano que deseja desbravar o desconhecido. Amo os clichês e a forma como se mostram imperativos na vida cotidiana. Simples e grandiosos, acredito que carregam os segredos de um viver “ser”. Como Belchior, “não quero o que a cabeça pensa, quero o que a alma deseja”. E talvez seja este o meu principal desafio. Neste espaço, te convido para refletirmos sobre o cotidiano e como a vida prática nos atravessa.

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