Mulheres e literatura – Parte III

Ao longo da história geral da literatura, as mulheres sempre receberam menos destaque, devido ao contexto social, político e até econômico em que viviam, ainda assim elas resistiram (e resistem). Espero que as indicações de livros (e escritoras) contribua, mesmo que de forma mínima, para que mais autoras sejam conhecidas e reconhecidas. Nessa última coluna colaborativa com a Érica Souza, deixo meu sincero agradecimento e o desejo de que ela faça muitas outras colaborações para o Virando a página.

Érica Souza: “Para concluir minhas observações das três obras escritas por mulheres que escolhi, destaco a última: Profissões para mulheres e outros artigos feministas, da Virginia Woolf. A obra, que reúne sete ensaios da escritora britânica, questiona o olhar tradicional da mulher como “a dona do lar” e expõe os problemas da inclusão feminina no espaço profissional e intelectual de sua época. Num período em que a função da mulher altera-se em passo acelerado, as críticas e ponderações de Virginia mostram uma autora à frente do seu tempo. Os artigos exploraram, com muita sensibilidade e força, o papel da mulher em uma sociedade dominada por homens e as ideias que auxiliaram a trilhar o caminho do movimento feminista.

Virginia aborda algumas obras de escritoras e como elas sofriam repressão de suas famílias por escreverem, mesmo quando obrigadas a fazer o trabalho doméstico:

Na verdade, penso eu, ainda vai levar muito tempo até que uma mulher possa se sentar e escrever um livro sem encontrar com um fantasma que precise matar, uma rocha que precise enfrentar. E se é assim na literatura, a profissão mais livre de todas as mulheres, quem dirá nas novas profissões que agora vocês estão exercendo pela primeira vez? ‘

A leitura deste livro de Woolf pode ser um pouco complexa, ainda assim indico para quem inicia sua jornada no mundo do feminismo. É significativo ter uma comparação entre as décadas de 20, 30 e 40 com os dias de hoje. Nesse sentido, já é possível notar que a luta pela igualdade de gênero não é uma luta de agora.

Branca, Jacqueline, Florbela e Virginia não medem suas palavras para rebater críticas e os costumes sobre seus papéis na sociedade, deixam claro que nada é por acaso quando se é mulher. Entender esses detalhes nos ajuda a refletir e questionar todo um processo de opressão que mulheres viveram (e vivem) nesse mundo patriarcal, incluindo aí a escrita”.

Idayane Ferreira: “Para finalizar minhas indicações apresento A louca da casa, da jornalista e ficcionista espanhola Rosa Montero. Este livro, que está na minha lista de favoritos, fala de literatura, de processos criativos de escritores, da imaginação (a louca da casa) e da narração ficcional. De maneira leve e divertida, a Rosa nos oferece uma narrativa literária sobre o ato de criar e imaginar, ela utiliza para isso sua própria biografia, ao mesmo tempo que vai revelando os segredos e a vida de outros escritores”.

Extra:

Recomendo a coluna semanal da Rosa Montero para o jornal El País (em espanhol).

Idayane Ferreira
Idayane Ferreira

“Jornalista com “abundância de ser feliz”, mais “da invencionática” do que “da informática”, acredita piamente que Manoel de Barros escreveu “O apanhador de desperdícios” baseando nela.“

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Além das crises: as individualidades na infância atípica

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Participar da feira de trocas de livros da biblioteca se torna um ritual cativante para a narradora, que descreve sua experiência de escolher cuidadosamente livros para trocar, encontrar preciosidades nas mesas de troca e se encantar com os achados literários. A atmosfera acolhedora e a oportunidade de renovar sua coleção de forma econômica e sustentável tornam essa experiência inesquecível.

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