Mulheres e literatura – Parte I

A coluna de hoje (e das próximas duas semanas) é uma colaboração com Érica Souza, professora, estudante, militante, feminista e uma lista vasta de coisas legais, que eu resumo dizendo apenas: uma mulher incrível, por quem tenho muita admiração. Vamos indicar livros escritos por mulheres.   

Érica Souza: “A literatura é uma memória em fuga. Às vezes tenho a impressão de que existem determinadas divisões, como maneira de catalogar estudos, para difundir e fixar padrões. Dependendo do livro que estamos lendo e interpretando no momento, essas divisões nos propõe uma liberdade secundária. Há uma classificação que segue por outros caminhos, nem sempre inocentes. E é nesses que eu quero chegar, para falar de mulheres que se desafiaram e ousaram com suas palavras e escritas espalhar arte, por um objetivo a ser alcançado: chocar, contrapor, quebrar padrões e até mesmo cultivar sua cultura e realidade.

Ao longo dessas três semanas vou apresentar mulheres que viveram em épocas diferentes, mas que não tiveram medo de expor suas opiniões, frustações e a vontade de continuar conquistando seus espaços, deixando na memória de tantas outras seus escritos e legados de vida.  Para iniciar essa jornada, abordo esse livro que foi uma descoberta:  O que é feminismo? (Coleção Primeiros passos, Editora Brasiliense, 1981). A obra traz um cenário histórico sobre o movimento feminista e a mulher na sociedade de classes, onde ocupava posição semelhante ao do escravo, no sentido de trabalhos braçais, extremamente desvalorizados pelo homem livre.

As autoras, Branca Moreira Alves e Jacqueline Pitanguy, destacam que não há um desfecho sobre o que seja feminismo, devido à palavra elucidar memórias de outras mulheres que por algum motivo foram caladas, mas é perceptível enxergar muitas delas nas nossas práticas cotidianas. O livro traça caminhos para repensar e refazer a identidade de sexo sob um olhar em que o/a sujeito/a não deve acomodar-se a modelos hierarquizados, e onde as condições “femininas” e “masculinas” sejam qualidades do ser humano de uma sociedade igualitária que tanto almejamos. Para que as diferenças entre os sexos não se traduzam em relações de poder é importante internalizar que todos os processos que buscam uma transformação chegam carregados de contradições, avanços (talvez alguns retrocessos), medos e alegrias”.

Idayane Ferreira: “Só nos últimos dois anos passei a ler e buscar, de maneira mais consciente, livros escritos por mulheres. O primeiro livro que indico foi para mim uma experiência fantástica: Persépolis (Companhia das Letras, 2007). É uma autobiografia em quadrinhos da franco-iraniana Marjane Satrapi. A obra, escrita e desenhada por Marjane, relata sua história seguindo uma linha cronológica: a infância no Irã, na década de 1980, mostrando as tensões do cenário político do país; a adolescência conturbada na Europa; e seu retorno, quando adulta, ao país natal. 

Extra:

Recomendo também a versão animada de Persepólis, disponível no Youtube.

Idayane Ferreira
Idayane Ferreira

“Jornalista com “abundância de ser feliz”, mais “da invencionática” do que “da informática”, acredita piamente que Manoel de Barros escreveu “O apanhador de desperdícios” baseando nela.“

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