Memórias de uma colunista iniciante

É bem pouco provável que tivesse iniciado uma coluna sobre literatura ou livros, se não fosse o clube1 que assinei por três anos, o qual possibilitou conhecer pessoas incríveis. Foi a melhor escolha que fiz em questão de livros. Participar de um clube ampliou minhas perspectivas em relação à leitura e qualificou minhas escolhas: comprar menos livros pelo preço e pela capa e pesquisar mais sobre as obras e seus autores. Além disso, passei a fazer listas e a compartilhar minhas experiências literárias com outras pessoas associadas – algo que nunca havia feito antes.

Todos os meses, esperava ansiosamente a minha caixinha. Nunca participei dos debates sobre os livros (nem presenciais nem online). Algumas obras gostei bastante, outras nem tanto, mas não houve nenhuma que tenha odiado. Gostava de avaliar os livros e os mimos, além de ler as resenhas dos outros assinantes. Apreciava as trocas entre os leitores, as playlists de cada mês, as publicações no aplicativo e as revistinhas que vinham nos kits. Mesmo assim, resolvi cancelar a assinatura, o que foi a segunda melhor coisa que fiz: parei de acumular livros não lidos e atualmente uso toda a experiência e o aprendizado que o clube me proporcionou – e claro, mantenho as boas amizades que adquiri lá.

Participei por um tempo de um grupo de WhatsApp que tinha como foco a leitura de obras de autoras e era composto por mulheres de várias partes do Brasil. Dificilmente, conseguia ler os livros a tempo ou participar das discussões, mas adorava as trocas e acompanhar os debates. Aprendi muito com todas elas, ampliei minhas experiências literárias e passei a ler mais obras de mulheres e escritoras negras, fazendo escolhas mais conscientemente.

Assim, ao iniciar, em 2019, as colunas sobre literatura em um jornal local, queria que fosse um espaço em que mais gente pudesse participar, onde pudessem compartilhar o amor pelos livros e autores. Convidei amigos para colunas colaborativas, depois a jornalista Juliana de Sá passou a escrever e publicar crônicas na minha coluna. Em seguida (ou talvez ao mesmo tempo), ao conversar com uma amiga sobre um livro que marcou a infância do pai dela e que ele releu na fase adulta, tive a ideia de criar o “Memórias Afetivo-Literárias”. Era basicamente relatos de leitores sobre os livros pelos quais desenvolveram memórias afetivas.

Atualmente, em geral, aos domingos, faço o exercício de pensar em um tema. Sento-me em frente ao computador e deixo o texto fluir. Às vezes, enquanto escrevo, pergunto-me se alguém estará lendo minhas colunas e a quem elas podem estar alcançando. Na maior parte do tempo, escrevo como se estivesse compartilhando histórias com um amigo, como o Iago, que mora em Manaus, no Amazonas.

Cada coluna é um testemunho do poder das palavras e do desejo de me conectar com os outros por meio dos livros. Na realidade, eu, que por muito tempo fui uma leitora solitária, nunca soube estar sozinha na minha escrita.

Só nos conhecemos na medida

em que somos postos à prova.

Digo-lhes isso

do meu coração, que desconheço.

(Wisława Szymborska)

  1. no caso, a TAG Experiências Literárias ↩︎
Idayane Ferreira
Idayane Ferreira

“Jornalista com “abundância de ser feliz”, mais “da invencionática” do que “da informática”, acredita piamente que Manoel de Barros escreveu “O apanhador de desperdícios” baseando nela.“

Outras colunas

Além das crises: as individualidades na infância atípica

No texto, a autora, também professora, aborda a necessidade de enxergar as crianças além de seus diagnósticos, especialmente quando se trata de autismo. Ela destaca a importância de não limitar as crianças por rótulos, mas sim de proporcionar experiências que promovam seu desenvolvimento integral, incluindo habilidades sociais e emocionais.

Achados na feira de troca de livros

Participar da feira de trocas de livros da biblioteca se torna um ritual cativante para a narradora, que descreve sua experiência de escolher cuidadosamente livros para trocar, encontrar preciosidades nas mesas de troca e se encantar com os achados literários. A atmosfera acolhedora e a oportunidade de renovar sua coleção de forma econômica e sustentável tornam essa experiência inesquecível.

HQ de Fato – Luto é um lugar que não se vê e O Novo Sempre Vem

HQ de Fato apresenta duas histórias impactantes. “Luto é um lugar que não se vê” aborda o cuidado amoroso em meio ao luto, enquanto “O Novo Sempre Vem” narra a vida e inspirações de Vannick Belchior, filha do icônico cantor Belchior. Ambas as narrativas oferecem uma visão sensível e reflexiva sobre amor, perda e herança emocional.

Uma crônica sobre uma crônica

O autor relembra uma crônica de Paulo Mendes Campos que oferece orientações para uma jovem de 15 anos, conectando-a à sua própria experiência ao escrever uma carta não enviada para si mesma. Discute a complexidade das relações humanas e da experiência de leitura, revelando sua preferência por obras específicas e abordando a incerteza subjacente à seleção de livros e à compreensão dos outros.

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