Infância em foco: Imperatriz e a necessidade de espaços inclusivos

Estamos próximos do mês de outubro e como professora, tenho passado muito tempo planejando atividades para as comemorações da semana da criança. Por isso, quis trazer para minha postagem da semana, uma reflexão sobre os pequenos: “Gente, Imperatriz é uma cidade adultocêntrica. Não está preparada para acolher as crianças”.

Para iniciar essa reflexão, é preciso dizer que os espaços públicos em uma cidade não devem ser apenas funcionais; devem ser inclusivos, acolhedores e considerar as necessidades e bem-estar de todos os cidadãos, independentemente da idade. Mas, infelizmente, muitos desses locais não são projetados levando em consideração as crianças, o que resulta em ambientes que, longe de serem convidativos, podem se tornar hostis para os pequenos. Este é um problema que merece nossa atenção e reflexão, pois afeta diretamente a qualidade de vida das crianças e, consequentemente, o futuro de nossa cidade.

Pensar em espaços públicos para o bem-estar das crianças significa criar locais onde elas possam brincar, conviver, aprender e se desenvolver de forma segura e saudável. Porém em Imperatriz (e na maior parte das cidades do Brasil) muitos espaços urbanos tradicionais, como praças, parques e vias urbanas, não são planejados considerando as necessidades específicas das crianças, principalmente das que estão na faixa etária entre 1 e 6 anos. Isso resulta em áreas desprovidas de infraestruturas comprometidas com a segurança para a realização de atividades infantis.

Um exemplo claro são as praças. Apesar de serem considerados os corações pulsantes dos municípios, muitas delas são projetadas com um olhar adultocêntrico, resultando na falta de estruturas lúdicas e educacionais, áreas destinadas às brincadeiras, bancos em tamanhos adequados, locais para alimentação das crianças e práticas de higiene pessoal básica para elas: lavar a mão!

Embora se possa observar que ao longo dos últimos anos tem havido, na cidade, um aumento no número de praças com espaços recreativos voltados para as crianças, a triste realidade é que a maior parte se encontra sem manutenção adequada, oferendo riscos à segurança, à saúde e ao bem-estar dos pequenos.

Um ponto crucial que merece destaque é que essas praças adaptadas para o lazer infantil estão, em sua maioria, no centro da cidade. Nos bairros periféricos mais afastados, como Vila Lobão, Imigrantes, Vila Redenção, Vila Fiquene, Ouro Verde, Santa Rita , Vila Leandra, Parque das Palmeiras… entre outros, os espaços públicos para as vivências infantis são escassos (ou inexistentes).

Outro espaço muitas vezes negligenciado são as vias públicas, que se tornam ainda mais hostis para as crianças em nossa cidade devido ao tráfego intenso, calçadas irregulares ​​e falta de sinalização segura e estrutura (novamente: principalmente nos bairros mais afastados do centro). As crianças deveriam caminhar ou pedalar com segurança para a escola ou áreas de lazer, mas a falta de planejamento urbano voltado para elas impossibilita esse direito básico.

Além de tudo, ainda há algo que considero fundamental mencionar neste texto: a ausência de programas culturais infantis no cotidiano público da cidade. Shows, apresentações, feiras, exposições e eventos em geral, especiais para crianças, são raros em Imperatriz (ou, de novo, inexistentes), o que limita a exposição delas à arte, à cultura e ao entretenimento educativo. A falta dessas atividades contribui para um ambiente urbano menos enriquecedor e diversificado para as crianças.

Enfim… Repensar e adaptar os espaços públicos para o bem-estar das crianças é uma questão de justiça social e uma necessidade para a construção de cidades verdadeiramente inclusivas e harmoniosas. As crianças são parte integrante da comunidade devem frequentar espaços que as estimule, proteja e incentive a explorar, aprender e crescer. Isso é um investimento que pode enriquecer não apenas suas vidas, mas também toda a sociedade imperatrizense.

Aline Borges
Aline Borges

Sou imperatrizense com orgulho! Educadora, estudante, leitora e ouvinte de boas músicas e histórias. Pedagoga por formação, leciono na Uemasul de Açailândia e na Educação Básica em Imperatriz. Acredito no que disse Vinícius de Moraes “A vida é arte do Encontro”.

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