Devagar, devagarinho

 “Alguém me avisou pra pisar nesse chão devagarinho”. Dia desses, por coincidência ou não, ouvi três vezes, em vozes e momentos diferentes, o célebre verso da sambista Ivone Lara. Um samba gostosinho, mas que grudou feito goma de mascar. Talvez tenha sido um daqueles sutis avisos da vida, se é que você me entende.

Refleti sobre cuidado, educação, atenção quando se chega a um novo lugar, um novo emprego, uma nova cidade, à vida de outra pessoa. Se a gente “pisa” devagar, a poeira não sobe, o barulho não acorda. É respeito. Se a gente “pisa” devagar, pode apreciar melhor as paisagens, se aproximar com mais empatia, ver e ser visto.

Confrontar essa dinâmica do tempo das coisas – rápido ou devagar – não é uma novidade. Mas de há muito já se sabe que “devagar se vai ao longe”. Nem tudo é para ontem, afinal, “a pressa é inimiga da perfeição”.

Quantas vezes nos percebemos instados à correria? Há recursos para acelerar vídeos, áudios. A leitura tem que ser corrida, os textos têm que ser curtos. Só a quantidade parece importar. Sim, há uma infinidade de produções e de coisas acontecendo, mas será mesmo que você precisa saber e experimentar tudo? Postar sobre tudo, falar e brigar por tudo?

Não há questionamento de que vivemos tempos acelerados, e a ansiedade generalizada denota isso muito bem. De cá, nesse tempo em que a maturidade vai se achegando, eu desejo a calmaria. O tempo bem aproveitado, o convívio estável e saudável. Devagar. Devagarinho. Há tesouros aí. Se liga! 

Mari Leal
Mari Leal

Mulher preta, baiana do interior, mas acolhida pela capital (Salvador). Jornalista de formação, fui pescada para a cobertura política muito cedo, e aí estou há uma década. Na vida, um ser que deseja experimentar a multiplicidade do Universo e dos universos (humanos). Um coração pisciano que deseja desbravar o desconhecido. Amo os clichês e a forma como se mostram imperativos na vida cotidiana. Simples e grandiosos, acredito que carregam os segredos de um viver “ser”. Como Belchior, “não quero o que a cabeça pensa, quero o que a alma deseja”. E talvez seja este o meu principal desafio. Neste espaço, te convido para refletirmos sobre o cotidiano e como a vida prática nos atravessa.

Outras colunas

Além das crises: as individualidades na infância atípica

No texto, a autora, também professora, aborda a necessidade de enxergar as crianças além de seus diagnósticos, especialmente quando se trata de autismo. Ela destaca a importância de não limitar as crianças por rótulos, mas sim de proporcionar experiências que promovam seu desenvolvimento integral, incluindo habilidades sociais e emocionais.

Achados na feira de troca de livros

Participar da feira de trocas de livros da biblioteca se torna um ritual cativante para a narradora, que descreve sua experiência de escolher cuidadosamente livros para trocar, encontrar preciosidades nas mesas de troca e se encantar com os achados literários. A atmosfera acolhedora e a oportunidade de renovar sua coleção de forma econômica e sustentável tornam essa experiência inesquecível.

HQ de Fato – Luto é um lugar que não se vê e O Novo Sempre Vem

HQ de Fato apresenta duas histórias impactantes. “Luto é um lugar que não se vê” aborda o cuidado amoroso em meio ao luto, enquanto “O Novo Sempre Vem” narra a vida e inspirações de Vannick Belchior, filha do icônico cantor Belchior. Ambas as narrativas oferecem uma visão sensível e reflexiva sobre amor, perda e herança emocional.

Uma crônica sobre uma crônica

O autor relembra uma crônica de Paulo Mendes Campos que oferece orientações para uma jovem de 15 anos, conectando-a à sua própria experiência ao escrever uma carta não enviada para si mesma. Discute a complexidade das relações humanas e da experiência de leitura, revelando sua preferência por obras específicas e abordando a incerteza subjacente à seleção de livros e à compreensão dos outros.

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