Crianças, Natureza e Educação: uma reflexão sobre Imperatriz

Sou professora e, como muitos educadores, fui formada em um sistema educacional tradicional. Durante minha educação básica e na faculdade, sempre vi a sala de aula como o principal lugar para o aprendizado. Mas já faz um tempo venho repensando essa ideia, especialmente após me deparar com o conceito de “déficit de natureza”. Esse termo me fez refletir sobre a realidade das escolas aqui em Imperatriz, onde percebo que esse problema é recorrente. Por isso, gostaria de compartilhar um pouco sobre esse tema.

O “déficit de natureza” é um termo que fala sobre como as crianças de hoje estão perdendo o contato com o ambiente ao ar livre. Ele foi criado por um escritor chamado Richard Louv, e mostra uma preocupação real: as crianças estão passando pouco tempo brincando fora de casa em contato com a natureza. Em Imperatriz, por exemplo, isso é algo que acontece bastante, já que as brincadeiras ao ar livre são limitadas pela escassez de parques naturais ou praças e por questões como a falta de segurança, de saneamento e estrutura adequada à permanência das crianças e jovens em áreas verdes.

Além disso, outro ponto que tenho observado em nossa cidade é a carência de espaços adequados nas próprias escolas para o contato das crianças com a natureza. Lugar onde elas passam boa parte de seu tempo, a escola, é teoricamente, o local que teria condições de oferecer a segurança e salubridade que faltam nas praças e ruas de Imperatriz. Porém, o que se nota nas instituições de ensino da nossa cidade, é que raramente encontramos áreas verdes ou ambientes ao ar livre planejados para estimular essa interação vital entre a criança e o meio ambiente. E quando esses espaços existem, muitas vezes são negligenciados pelas práticas pedagógicas da maioria dos professores, que, assim como eu, foram formados em um sistema baseado nos moldes do tradicionalismo.

Para além do que se pensa nas visões pedagógicas mais tradicionais, estes locais verdes podem servir não apenas para lazer, mas também como um ambiente rico em aprendizado, o qual as crianças têm a chance de explorar, experimentar e se conectar de maneira prática e direta com a natureza por meio de atividades que extrapolam as páginas dos livros e telas de computadores e celulares. Contudo, em Imperatriz, as escolas muitas vezes refletem a mesma negligência encontrada em outras áreas da cidade em relação à preservação e valorização de espaços naturais.

Essa falta de espaços verdes adequados nas escolas é uma grande perda para o desenvolvimento das crianças, principalmente as menores. Elas precisam desse contato com a natureza para crescerem saudáveis, curiosas e conscientes do mundo ao seu redor. Mas, infelizmente, a realidade atual em Imperatriz mostra que essas oportunidades são escassas, privando as crianças de experiências valiosas que beneficiam grandemente seu crescimento e aprendizado.

Pois bem, essa é uma das preocupações que ultimamente tem ocupado muitos de meus pensamentos sobre educação e que gostaria de partilhar aqui nesse espaço que o Portal Assobiar me oferece. Sinto uma grande necessidade de termos espaços educativos que vão além das quatro paredes da sala de aula. É importante para as crianças terem um lugar onde possam ser realmente crianças, vivenciarem a infância ao máximo e crescerem de forma saudável. Elas precisam de áreas ao ar livre para brincar, explorar e aprender com a natureza. Como professora, acredito que devemos lutar para criar esses espaços (dentro e fora das escolas). Eles são essenciais para uma educação completa, que ajuda no crescimento de cada criança aqui em Imperatriz.

Aline Borges
Aline Borges

Sou imperatrizense com orgulho! Educadora, estudante, leitora e ouvinte de boas músicas e histórias. Pedagoga por formação, leciono na Uemasul de Açailândia e na Educação Básica em Imperatriz. Acredito no que disse Vinícius de Moraes “A vida é arte do Encontro”.

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