Ciranda de Pedra – Lygia Fagundes Telles

Lygia Fagundes Telles nasceu em São Paulo, no dia 19 de abril de 1923 e faleceu aos 98 anos em São Paulo em 3 de abril de 2022. Foi uma escritora brasileira, romancista e contista, e também a grande representante do movimento Pós-Modernista. Foi membro da Academia Paulista de Letras, da Academia Brasileira de Letras e da Academia de Ciências de Lisboa.  Seu interesse por literatura começou na adolescência, quando aos 15 anos, com a ajuda do pai, publicou seu primeiro livro de contos, “Porão e Sobrado”. A estreia oficial na literatura ocorreu em 1944, com o volume de contos “Praia Viva”.

Em 1954 lança o romance Ciranda de Pedra, um livro recheado de tristezas e sentimentos profundos, onde tudo se inicia pela traição e separação da mãe de três meninas: a mais nova (Virgínia) permanece com sua mãe, as outras duas (Otávia e Bruna) vão morar com seu pai Natércio, um advogado bem-sucedido. Então, quando criança, a visão de Virgínia é de uma roda impenetrável que se compunha das suas duas irmãs mais velhas e de três vizinhos que ela considerava legais e elegantes. Indiretamente, isso faz referência ao incômodo que ela sentia em não ser tão valorizada e até mesmo ser excluída pelo grupo

A trama se divide em duas partes: da Virgínia ainda criança que deixa a casa da sua mãe para morar com o pai “legítimo” e a outra para falar sobre a vida adulta. Inicialmente temos Virgínia morando na casa da mãe, uma mulher chamada Laura que havia se divorciado de seu marido (Natércio) e agora vivia com um médico, chamado Daniel. Além disso, Laura estava doente o que na visão de Virgínia parecia uma espécie de loucura, pois Laura às vezes não tinha noção da realidade, ela via coisas e misturava o passado com o presente. Então, Virgínia vivia cercada de raiva e também de muitos sonhos, raiva pelo seu “tio Daniel” ser o culpado da separação da sua mãe com o seu pai e sonho de morar com seu pai e estar perto das suas irmãs. Porém, quando consegue ir morar com seu pai, a falta de conexão com ele – com quem ela não tinha intimidade – faz com que ela passe a viver momentos extremamente angustiantes e solitários.

Ciranda de Pedra traz uma reflexão sobre as relações entre os seres humanos e a reação dos humanos diante da desagregação de seus próprios grupos e inserção em um novo ambiente desconhecido.  A fase adulta de Virgínia é recheada do que hoje chamamos de “plot twist“, onde Lygia aborda temas como impotência sexual, lesbianidade, traições conjugais, racismo… temas bem ousados e polêmicos para a época.

Andrelva Sousa
Andrelva Sousa

Graduada em Serviço Social pela UNISULMA e faço parte do Clube de Livros Mulheres em Prosa que é um grupo de leitura de mulheres que leem mulheres e que se reúnem uma vez a cada dois meses para debater uma obra de autoria feminina. Nessa coluna, pretendo compartilhar com vocês sobre as leituras que já fiz e quais as percepções que elas me trouxeram. Uma frase que gosto muito é da Rosa Luxemburgo que diz o seguinte: ”Quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem”.

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Além das crises: as individualidades na infância atípica

No texto, a autora, também professora, aborda a necessidade de enxergar as crianças além de seus diagnósticos, especialmente quando se trata de autismo. Ela destaca a importância de não limitar as crianças por rótulos, mas sim de proporcionar experiências que promovam seu desenvolvimento integral, incluindo habilidades sociais e emocionais.

Achados na feira de troca de livros

Participar da feira de trocas de livros da biblioteca se torna um ritual cativante para a narradora, que descreve sua experiência de escolher cuidadosamente livros para trocar, encontrar preciosidades nas mesas de troca e se encantar com os achados literários. A atmosfera acolhedora e a oportunidade de renovar sua coleção de forma econômica e sustentável tornam essa experiência inesquecível.

HQ de Fato – Luto é um lugar que não se vê e O Novo Sempre Vem

HQ de Fato apresenta duas histórias impactantes. “Luto é um lugar que não se vê” aborda o cuidado amoroso em meio ao luto, enquanto “O Novo Sempre Vem” narra a vida e inspirações de Vannick Belchior, filha do icônico cantor Belchior. Ambas as narrativas oferecem uma visão sensível e reflexiva sobre amor, perda e herança emocional.

Uma crônica sobre uma crônica

O autor relembra uma crônica de Paulo Mendes Campos que oferece orientações para uma jovem de 15 anos, conectando-a à sua própria experiência ao escrever uma carta não enviada para si mesma. Discute a complexidade das relações humanas e da experiência de leitura, revelando sua preferência por obras específicas e abordando a incerteza subjacente à seleção de livros e à compreensão dos outros.

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