Acabou a gasolina

Meus passageiros têm sempre histórias interessantes para contar, mas o relato de hoje é de um perrengue que a motorista passou com falta de combustível bem no fim da tarde debaixo de uma tempestade. O protagonista é o Novão – apelido carinhoso do meu carro.

Era uma quarta-feira, véspera de feriado prologado, a movimentação de passageiros costuma crescer em dias assim, principalmente de supermercados e para pontos de transporte coletivo. Abasteci o carro com 5 litros como fazia todo dia, porque era o suficiente para fazer entre 12 e 15 corridas, na época o litro de gasolina custavam R$ 4,00.

Trabalhei o dia inteiro totalmente despreocupada com o combustível do meu veículo, mas no fim da tarde, fui surpreendida por uma dinâmica, que é quando os preços das corridas aumentam por conta da grande procura dos passageiros. Pensei: “Não vou perder essa oportunidade”, e fui para a rua.

Muitas solicitações. Por volta das 17:30 recebi uma chamada, entraram no meu carro, um casal e um bebê, com muitas sacolas, era uma corrida da Nova Imperatriz pra Vila Redenção, aproximadamente 6 km. Quando de repente olhei o painel e vi que já estava na reserva, mas como conhecia bem meu veículo, calculei que ia dar tempo de deixar os passageiros e parar em um posto, o problema é que o tempo fechou e eu fui surpreendida por uma tempestade.

Peguei engarrafamento, tive que fazer desvios por causa de pontos alagados, quando no meio do caminho, todo mundo já estressado por causa da situação e da demora, o Novão desliga. Fiquei sem ação naquele momento, tentei disfarçar. “Eita, deve ter entrado água no motor”, falei tentando conter a tremedeira na voz, mas o homem logo olhou no painel e disse: “É, sem combustível, não tem motor que funcione”. Nesse momento sorri de desespero kkk.

“E agora José?”, não tinha o que ser feito!

O passageiro tentou me acalmar, mas a sua esposa estava muito zangada e começou a falar horrores. Para não piorar ainda mais a situação eu dispensei o valor da corrida e chamei outro carro, a família foi embora. Pedi ajuda a um amigo, que veio 2 horas depois com um galãozinho de gasolina e me resgatou.

O perrengue só não foi maior que o cansaço daquele dia.

Juliana de Sá

Jornalista por formação e curiosa por vocação! Nas horas vagas dirijo por aplicativo nas ruas de Imperatriz, onde ouço todo tipo de história e as transformo em texto. Às histórias são reais com uma leve liberdade poética, se você gosta de imaginar venha comigo nessa!

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