Escritoras e escritores da Região Tocantina para ler

Na paisagem literária da Região Tocantina, é nítido a diversificada de vozes e histórias, todas elas colaborando para enriquecer o cenário cultural da região.

Escritores e escritoras, da esquerda para a direita: Domingos de Almeida, Natividade, João Marcos, Lília Diniz, Marcos Tand, Marcos Fábio, Hyana Reis, Xico Cruz. Ilustração: Idayane Ferreira

No dia 23 de abril, celebramos o Dia Mundial do Livro, ocasião dedicada a esta que é uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento cultural e educacional das sociedades ao redor do mundo. Na data, que foi instituída pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em 1995, também se comemoram os Direitos Autorais. O objetivo é promover a leitura, destacar a importância dos direitos autorais e reconhecer o papel dos livros e dos autores na disseminação do conhecimento e na promoção do pensamento crítico.

O cenário literário da Região Tocantina está repleto de vozes distintas e narrativas envolventes. Destacamos oito talentosos escritores e escritoras da região e suas obras para conhecer e ler:

Domingos de Almeida (@almeidadomm)

Domingos de Almeida. Ilustração: Idayane Ferreira

Escritor, ator e diretor da Companhia Afro de Teatro Reinvent’arte (Imperatriz), Domingos é também jornalista e pesquisador. Nascido em Alto Alegre do Pindaré (MA), reside em Imperatriz há mais de 10 anos. É membro da Academia de Ciências, Letras e Artes de João Lisboa (Aclajol) e da Academia Internacional de Literatura Brasileira (AILB). Com quatro livros publicados, o autor possui uma variedade de obras, incluindo peças de teatro e poesia. Seus trabalhos são reconhecidos pela capacidade de explorar múltiplos sentimentos e nuances da vida.  “Gosto muito de escrever dramas, quase todos com um pouquinho de comédia, às vezes, tragédia também. Acho que a vida nunca é só um sentimento. Então, procuro trazer isso para os meus textos. Também publiquei um livro de poesia e estou com o segundo pronto já em vias de impressão”.

Onde encontrar seus livros: encomendando diretamente com o autor.

Hyana Reis (@hy.anareis)

Hyana Reis. Ilustração: Idayane Ferreira

Jornalista, roteirista e escritora, a imperatrizense Hyana Reis escreve principalmente crônicas, mas também poesias. Lançou seu primeiro livro em 2014, intitulado “Vidas em Pauta” (perfis de pessoas que moram em Imperatriz). Contribuiu como autora na coletânea “Crônicas e Contos da Cidade” (obra coletiva com crônicas e contos sobre Imperatriz). Em 2019, lançou seu primeiro livro solo, “Entre Relicários” (poesia). Sua obra mais recente, “Amores em tempos de @” (crônicas sobre tecnologia e redes sociais), foi lançada em 2022 e um dos contemplado com o prêmio literário da Academia Imperatrizense de Letras. A autora também se destaca como idealizadora e roteirista do documentário “Atenção para este aviso”, premiado pela Lei Aldir Blanc e exibido em 2020. “Este ano também vou fazer parte do livro Mural das Minas, livro coletivo de mulheres, com publicações de crônicas diversas. E aí já são quatro livros publicados e esse ano vou lançar o quinto”, explica.

Onde encontrar seus livros: O livro “Amores em tempos de @” está disponível na Amazon, em versão físico e e-book.

João Marcos (@jjoamarcos)

João Marcos. Ilustração: Idayane Ferreira

Jornalista e escritor multifacetado, João Marcos já publicou um livro-reportagem e um livro infantojuvenil. É membro da Academia de Ciências, Letras e Artes de João Lisboa – MA. Nascido em Imperatriz (MA), sua jornada literária começou na infância, com contos imaginativos e releituras de contos de fadas. Na adolescência, migrou para o gênero romance e fantasia medieval, explorando também o terror em seus escritos. Seu primeiro livro publicado foi um conto na antologia “Arrependa-se” (2019), com destaque para o conto “Ninfas de Lama”. Formado em Jornalismo, escreveu o livro-reportagem “À Sombra da Gameleira: Memórias e Histórias da Cidade de João Lisboa”, lançado em 2021 com apoio da Lei Aldir Blanc. Em 2022, lançou “O Círculo de Fogo”, uma saga iniciada na adolescência. Contribuiu também em outras antologias, como autor ou organizador: “Prenúncios do Medo: Morte” (2020); “A Maldição do Tesouro” (2021) – Peculiar Editora (organização); “Contos da Lua Cheia” (2023) – Peculiar Editora (organização) e “O Assassinato na Mansão Castro” (2023) – Peculiar Editora.

Além da sua produção literária, João se destaca pela produção de conteúdo digital para as redes sociais e por um projeto de incentivo à leitura que realiza em escolas públicas da cidade de João Lisboa, onde mora. Em seu mais recente trabalho, dedica-se a escrever sobre a história de uma escola da cidade, explorando a identidade maranhense e a cultura local. “Eu nem consigo enquadrar, é um livro-reportagem, mas eu queria um subgênero para ele, mas eu não consigo encontrar ainda, diria que é uma biografia de um lugar, vamos dizer assim. E aí que estou escrevendo a história de uma escola da minha cidade João Lisboa e quando fala da história da escola, fala da história de seus professores, de seus fundadores, de alunos. Nesse processo estou na metade do livro”. O autor pretende lançar um livro de ficção regionalista ainda este ano, mergulhando no gênero do “regionalismo fantástico”, que busca trazer as lendas e o folclore local para o centro das narrativas.

Onde encontrar seus livros: O livro “O Círculo de Fogo” está disponível na Amazon.

Lilia Diniz (@liliadinizpoeta)

Lília Diniz. Ilustração: Idayane Ferreira

Artista multifacetada, a maranhense Lilia Diniz se destaca pelas suas poesias e performances e como intérprete de autores consagrados, como Patativa do Assaré, Cora Coralina e Louro Branco, além de canções de renomados artistas nordestinos. É escritora, atriz, cantora, brincante, produtora e gestora cultural. Como autora, possui uma coleção diversificada de obras, abrangendo diversos gêneros literários. Seus livros publicados incluem três volumes de poesias: “Babaçu, Cedro e Outras Poéticas em Tramas”, “Miolo de Pote da Cacimba de Beber” e “Sertanejares”, além de um livro de contos intitulado “Ao que Vai Chegar”. Dois outros títulos estão no prelo: “Vozes de Mussambê” (contos) e “Mundo de Mundim”, uma obra que transita entre poesia e dramaturgia. Além de sua contribuição literária, os livros de Lilia Diniz têm sido incorporados em diversas séries dentro do universo escolar, enriquecendo o ensino e estimulando o interesse pela cultura regional e pela diversidade literária. Membro da Academia Imperatrizense de Letras e da Academia de Letras do Brasil/Brasília, Lilia é uma voz influente na cena cultural, deixando sua marca tanto como intérprete quanto como autora de obras que capturam a essência e a riqueza do Nordeste brasileiro. “Agora lá em Teresina, eles trabalharam no fundamental I até o 3º ano do ensino médio:  montagens, poemas… fizeram releituras com peças artísticas, tipo criar uma obra de arte a partir da poesia. Foi mágico! As crianças cantando, o auditório inteiro cantando minhas músicas, recitando meus poemas. Acho que até hoje estou em suspensão. Foi muito especial!”

Onde encontrar seus livros: podem ser encomendados diretamente com a autora pelo site: https://liliadiniz.com.br/

Marcos Tand (@marcostand)

Marcos Tand. Ilustração: Idayane Ferreira

Jornalista, escritor e roteirista, Marcos Tand se interessa pelo audiovisual, literatura e teatro. Sua versatilidade está também no seu tipo de escrita. “O meu estilo de livros são romances, são thrillers, são fantasias de terror, fantasias com suspense, são livros que despertam certa nostalgia também”. É um dos vencedores do prêmio WATTPAD SUSPENSE 2022 com os contos sobrenaturais “A Dama de Vermelho” e “O Corpo Seco”. É autor de “Uma Noite e Meia”, thriller adolescente de fantasia urbana ambientado nos anos 80.

Onde encontrar seus livros: O livro “Uma Noite e Meia” está disponível na Amazon, em versão e-book.

Marcos Fábio Belo Matos (@marcosfabiomatos)

Marcos Fábio. Ilustração: Idayane Ferreira

Escritor versátil, Marcos Fábio aborda uma variedade de temas, estilos e gêneros literários como poesia, escritos acadêmicos, contos, novelas e crônicas. Com uma carreira literária que se estende desde 1991 até o presente, possui mais de 20 obras publicadas, entre livros solos, como organização ou em coletâneas. Além de escritor, é professor universitário, revisor, superintendente de comunicação da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e membro das Academias Bacabalense e Imperatrizense de Letras. Com uma trajetória de mais de três décadas na escrita, Marcos Fábio Melo é um autor reconhecido pela sua habilidade de contar boas histórias.  

Livros literários publicados: “Anonimato” – Poemas (1990); “O Homem que Derreteu e Outros Contos” (1997); “Coletânea da Academia Bacabalense de Letras” – Participação com poemas (2003); “Cotidiano Cinza” – Contos (2005); “Crônicas de Menino” – Ganhador do 1º Prêmio BNB de Cultura (2006); “Coletânea 15 Contos +” – e-book (2012); “15 Curtos +” – e-book – Contos (2013); “Coletânea Maranhão em Contos” – Participação com trabalhos (2014); “Cotidiano Cinza” – e-book – Contos (2014); “Contos Cáusticos” – Contos (2016); “O 18º Andar” – Novela (2017); “Palavras no Avesso” – Crônicas – Ganhador do Prêmio Edelvira Marques (2018); “Baú” – e-book – Contos (2020); “Coletânea da Academia Bacabalense de Letras” – Participação com poemas (2020); “Veritas” – Contos – Ganhador do 1º Prêmio Literário da Academia Ludovicense de Letras (2017).

Onde encontrar seus livros: Os livros “Ecos da modernidade: uma análise do discurso sobre o cinema ambulante em São Luís” e “Baú” estão disponíveis na Amazon.

Natividade Silva Rodrigues (@nattrodrix)

Natividade. Ilustração: Idayane Ferreira

Escritora, professora, pesquisadora e militante social, é mais conhecida como Natividade. É graduada em História e em Ciências Sociais tem especialização em História do Brasil e mestrado em Ciências Sociais. Atualmente, leciona na Secretaria de Estado da Educação e é membro ativo em diversas organizações e comissões, incluindo o Centro de Cultura Negra – Negro Cosme e a Comissão de Heteroidentificação Racial da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), além de presidir a Academia de Ciências, Letras e Artes de João Lisboa – MA.  Como socióloga e historiadora, realiza pesquisas científicas e publicações acadêmicas. Nos últimos anos, concentrou-se na escrita de poesias e contribuições para Antologias Poéticas, abordando diversas temáticas. Além disso, tem publicações sobre gênero, violência intrafamiliar e estudos regionais, destacando-se sua dissertação de mestrado, intitulada “Violência Intrafamiliar – O Abuso Sexual Contra Crianças e Adolescentes”.

Livros publicados: “Gênero – Uma Caminhada Aprendente” (2004) – Cartilha sobre gênero coordenada na Cáritas de Imperatriz; “Políticas de Gênero: O Pensar e o Fazer em Imperatriz” (2014) – Artigo organizado pela Prof. Dra. Mary Ferreira; “Violência Intrafamiliar – O Abuso Sexual Contra Crianças e Adolescentes” (2017) – Dissertação de mestrado publicada como livro solo; “Café, Ideia e Poesia” (2017) – Antologia de textos de alunos/as e professoras produzidos nas aulas de História, Sociologia e Linguagens; “João Lisboa Nosso Viver” (2021) – Artigo no Livro Didático (Estudos Regionais) sobre o município de João Lisboa – MA; “Mulheres, Memórias e Afetos” (2022) – Publicação sobre as histórias das mulheres de João Lisboa; “ABC de Firmina” (2024) – Livro infantil lançado em abril de 2024, dedicado ao estudo e pesquisa da professora e escritora maranhense Maria Firmina dos Reis. Participou também de algumas antologia como “Mulheres brilhantes escrevem poesias, volume 3”, “No rastro das estrelas”, “Por mais amor”, “Adote uma poesia”, “Mulher evidência na Tribuna livre”, “Na dança das palavras”, “AMCLAM e convidados” e “As luzes mulheres que inspiram poesia”.

Onde encontrar seus livros: O livro “Violência Intrafamiliar” está disponível na Amazon, em versão física e e-book.

Xico Cruz (@xicocruz)

Xico Cruz. Ilustração: Idayane Ferreira

Francisco Antônio Cruz, mais conhecido como Xico Cruz, nasceu em Canindé, Ceará, mas mudou-se para Açailândia, Maranhão, com um ano de idade. É ator, dramaturgo, escritor e é diretor artístico da Junina Matutos do Rei. Como autor, Xico Cruz escreve uma variedade de gêneros literários, incluindo romances, contos e poesias, destinados a todos os públicos. Alguns de seus livros publicados: “O Rei Sebastião” (romance), “Conto Escravidão” (contos), “Há Culpa nos Olhos” e “A Vida é uma Rua do Casqueiro” (poesias). Em 2018, o multiartista participou do concurso da Amazon, com “Sebastião: Poética Transmutação”, que explora o Sebastianismo maranhense, narrando a vida do protagonista imerso em espiritualidade e misticismo das matas e rios.

Onde encontrar seus livros: diretamente com o autor.

Sobre lançamentos de livros

A cidade de Imperatriz recebe anualmente um dos maiores eventos nordestinos de literatura, o Salão do Livro de Imperatriz (Salimp). Iniciada em 2002, a feira ocorria na Praça da Cultura, com alguns poucos estandes de livros e livreiros. Atualmente sediada no Centro de Convenções, oferece não apenas venda de livros, mas também uma ampla programação cultural, incluindo shows, oficinas e, claro, lançamentos de livros de autores regionais. Organizado pela Academia Imperatrinzense de Letras é reconhecido como Patrimônio Cultural e Imaterial do Maranhão desde 2018.

Na última edição do evento, em outubro de 2022, foram lançados diversos livros, incluindo “A flor da pele” e “Ditos e feitos” de Tereza Bom-Fim; “Pelos caminhos de Frei Manoel Procópio” de Domingos Cézar, entre outros. Autores como Domingos de Almeida e Hyana Reis tiveram espaço para lançar seus livros já premiados “Xica do Sertão de Terra e Puaca” e “Amores em tempos de @”. Ao todo, foram lançados mais de vinte títulos, incluindo relatos, obras de ficção, ensaios e literatura infantil. Embora seja um evento de importância e grande projeção para a Região Tocantina, não apenas no cenário literário, o Salimp tem sofrido com dificuldades financeiras, o que impediu que a 19ª edição ocorresse em 2023.

Mapeamento da literatura imperatrizense

Em 2017, Aleilton dos Santos e Leiliane de Araújo realizaram um mapeamento literário de autores imperatrizenses como trabalho de conclusão da graduação em Jornalismo, o “Acervo Literário: Um guia sobre escritores de Imperatriz”. O projeto incluiu 10 grandes perfis acompanhados de resenhas e 61 perfis menores. Leiliane reconhece a complexidade da arte literária e a diversidade de estilos que contribuem para a narrativa histórica da cidade e da região, além dos desafios que os autores locais enfrentam.

“Apesar de ter pesquisado sobre os escritores e escritoras de Imperatriz, nem eu e nem Aleilton somos capazes de avaliar tamanha arte da literatura. Quando nos propomos a investigar esse meio encontramos uma diversidade de estilos. Produções que realmente ajudam a contar a história da cidade e de toda a região. Mas é algo em constante mudança. Eu diria que a literatura imperatrizense se lança na poesia publicada em livros e se encaminha em pequenos textos publicados no jornal O Progresso. Alguns nunca publicaram livros. A forma de produzir literatura é publicando no jornal impresso. Apesar da evolução, penso que muitos autores ainda enfrentam o desafio de produzir e publicar com frequência”.

Idayane Ferreira

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