O Bloco do Imprensa debutou, bonita!!!

Tradicional bloco de carnaval de Imperatriz completa 15 anos: Tema une tecnologia e diversão. Expectativa é que o bloco receba 40 mil brincantes este ano

Estamos em 2025 e já conseguimos comprar uma casa no metaverso, construir famílias, ter empregos e até participar de festas na realidade virtual. Uma situação antes pensada só em filmes de ficção científica. Para o Bloco do Imprensa esse mundo de realidade aumentada é um tanto convidativo, mas não substitui o calor humano. Ufa, ainda bem! 

Esse é o mote da tradicional festa que em 2025 completa 15 anos. Com o tema “A inteligência é artificial, mas a folia é real”, o lançamento do Bloco será no dia 15 de fevereiro às 16h com palco fixo na Praça da Cultura. No dia 22, a folia terá concentração também na praça, com o Imprensinha por volta das 16h. A partir das 18h será a saída do trio pelas ruas do centro da cidade até a Avenida XV de Novembro. 

O Imprensa surgiu em 2010 quando jornalistas, receosos de não aproveitarem o carnaval por conta das coberturas de pautas e demandas de datas festivas, tiveram a ideia de se reunir na famosa avenida XV de novembro. Os jornalistas tinham apenas um boteco e um sonho: o bar do seu Olímpio e uma banda com três pessoas para animar o cortejo pela avenida XV de novembro. Nem eles imaginavam a proporção que isso tomaria nos anos seguintes. O resto a gente já sabe: muito sucesso e glitter no corpo.

Em entrevista, Antônio Wagner, um dos membros da comissão organizadora, nos conta um pouco da história da debutante, as atividades do Bloco e as novidades que estão sendo preparadas para este ano.  

Lançamento do Bloco. Foto: Antônio Wagner

Rennan Oliveira: Como foi que o bloco surgiu? 

Antônio Wagner: O Bloco surgiu em 2010. Uma turma de jornalistas se juntou uma semana antes do carnaval, porque todos os jornalistas nessas datas estão trabalhando, cobrindo pauta, fazendo as matérias nos jornais, na TV. A partir disso nós tivemos essa ideia de se juntar uma semana antes para pular o carnaval. Nos juntamos ali no Bar do Seu Olímpio que é o início da XV de novembro, tinha umas 15 ou 20 pessoas reunidas. Tinha três pessoas tocando numa bandinha e saíram pelas ruas de Imperatriz, aqui pelo antigo Centro Velho. E o bloco surgiu a partir disso. Inicialmente não era para ter essa proporção, não foi tão pensado, mas ele foi crescendo. A cada ano foi juntando mais gente e virou o Bloco do Imprensa.

O bloco que era bloquinho, virou blocão

RO (Rennan Oliveira): Ele começou a virar esse blocão depois do segundo, terceiro ano? 

AW (Antônio Wagner): Não, não. No segundo ano também foi pequenininho, o terceiro também. A gente divulgava, mas a proporção maior que ele teve foi em 2020. A gente até se assustou, nós pensávamos em fazer coisas maiores antes, mas foi a partir de 2020 que o bloco realmente deu a engrenagem e nos demos conta que o Bloco realmente virou tradição de Imperatriz.  

RO: Também foi em 2020 que surgiu o Imprensinha ou ele já veio desde antes?

AW: Acho que foi a partir de 2020. Nós tínhamos o lançamento do bloco, que era uma semana antes da festa, que a gente se juntava ali na barraca do Chico da Praça, na Praça de Fátima e a gente fazia uma reuniãozinha com os jornalistas para fazer o lançamento. Em 2020 tivemos a ideia de fazer em um espaço fechado onde era a Conveniência Zero Hora, do lado do restaurante Maçarico. Simplesmente a gente fez uma mega festa e a gente não esperava que fosse fechar a rua de gente. Então foi a partir daí que o Imprensinha também veio, a gente falou: “Olha, pode dar certo para o público infantil, um espaço só para crianças, antes de começar o bloco para juntar todo mundo e a família toda se reunir”.

RO: Depois disso tiveram que lidar com alguma crítica?

AW: Todos os anos tem. Tem gente que ama, tem gente que espera mais o bloco do que o próprio carnaval oficial, mas a crítica seja negativa ou positiva é sempre bem-vinda. É construtiva, porque a gente faz o bloco pela diversão. A gente não recebe um centavo. O dinheiro que a gente consegue, com prefeitura, município, estado, empresas privadas, tudo é direcionado para o Bloco do Imprensa. Então, a gente coloca chopp de graça para as pessoas fantasiadas, pipoca, algodão doce e animador para as crianças. Tudo que recebemos nós investimos no bloco. E as críticas são bem-vindas. A gente anota para o próximo ano ser melhor.

Brincantes na Praça da Cultura. Foto: Antônio Wagner

RO: Teve mais facilidade por causa da nova gestão? Isso significa um apoio mais expressivo da cultura pela atual gestão em relação a anterior? 

AW: Todos os anos a prefeitura dá o apoio necessário para gente. Mais ou menos, mas sempre apoiou. Esse ano o Rildo conseguiu dar uma estrutura boa para o Bloco. A gente conseguiu fazer toda essa movimentação por conta dele. Queríamos um pouco mais, só que por conta da renovação da gestão tá tudo fechado, as contas da prefeitura ainda estão bloqueadas. Por causa dessa transição, ele não pôde dar um apoio maior, mas ele sempre apoiou o bloco. O Rildo Amaral sempre tá com a gente desde o início, ajudando com patrocínio. Então, ele sempre foi um entusiasta da cultura e do Bloco do Imprensa. 

RO: Eu vi que esse ano vai ter zona de hidratação. É o primeiro ou  já esteve presente em outros anos? 

AW: Existe desde o ano passado, quando o tema foi: “Calor só se for de alegria”, foi a partir daí que a gente colocou as zonas de hidratação, então esse ano também tem.

É gratuito, vai ter uma parte só com água para as pessoas se hidratarem e poderem curtir o Bloco do Imprensa da melhor forma possível. 

RO: O tema deste ano é a inteligência artificial. Como foi que vocês chegaram nele? 

AW: A gente veio conversando desde o ano passado, e cada um vai dando sua sugestão,  e aí veio a questão da inteligência artificial, o bloco é formado por sete jornalistas e a gente queria fazer um alerta, buscar algo para conscientizar: A inteligência é artificial, mas a folia é real.

Refletimos principalmente sobre a questão das relações sociais estarem se transformando com redes sociais e plataformas tecnológicas. O real é sempre melhor, o calor humano, da folia. Além disso, no campo da comunicação, há tantos dados que são gerados na internet e jogados na vida real podendo causar fake news na maioria das vezes.

Até que ponto o uso da inteligência artificial pode prejudicar ou ajudar na veracidade dos fatos. Então a gente faz esse alerta. O tema veio por acaso, veio numa sacada e chegamos a um consenso e a gente acabou acatando ele. 

RO: São 15 anos de bloco, né? Ele veio debutando junto com essa mensagem tão importante.  

AW: Com certeza, são 15 anos e a cada ano a gente tem um tema para brincar um pouco e também falar a verdade, né? Buscar a reflexão. São 15 anos da nossa menininha de vestido longo fazendo festa de 15 anos. A gente brinca muito em relação a isso porque a gente não esperava que fosse chegar nessa idade. A primeira remessa do Bloco do Imprensa lá em 2010 é um grupo totalmente diferente do que hoje o bloco é. Então, os jornalistas que começaram o bloco, hoje já não estão com a gente. Por exemplo, o Antônio Fabrício, a Alda Queiroz, são pessoas que também participaram. Hoje moram fora. Inclusive eles são os homenageados deste ano do bloco.

 

RO: São dois dias, o dia 15 é o lançamento e também o dia 22, do tradicional bloco. O que geralmente ocorre no lançamento? 

AW: O lançamento a gente faz na Praça da Cultura com um palco fixo, a gente tem banda e DJ tocando e a gente faz as homenagens, como eu mencionei, a gente escolhe sempre dois jornalistas da cidade que contribuíram na comunicação de alguma forma na cidade. Este ano a gente buscou essas duas pessoas que contribuíram também dentro do bloco e a gente faz as devidas homenagens e o lançamento com o tema oficial. Já no dia 22, a gente também se reúne aqui na Praça da Cultura, realizamos o Impresinha logo no início, a partir das 16 horas e logo depois a gente sai pelas ruas aqui do centro de Imperatriz, fazendo o cortejo com banda tocando, até passar pelo Bar do seu Olímpio, onde tudo começou e a gente finaliza pela XV de Novembro. É basicamente isso. O famoso circuito. 

RO: Qual a expectativa para este ano? 

AW: A expectativa desse ano é que cresça ainda mais. Ano passado a gente colocou em média 20 mil pessoas no Bloco do Imprensa.

Esse ano, pela grande expectativa do pessoal, eu acho que a gente vai conseguir dobrar ou chegar próximo das 40 mil pessoas nas ruas aqui de Imperatriz. 

RO: Palavras finais? 

AW: O bloco é totalmente gratuito, a gente não cobra nada, não precisa de abadá, a gente não comercializa abadá ou camisetas. A nossa intenção principal é trazer folia com acessibilidade para todas as pessoas curtirem com a gente, desde a criança, o adolescente, o mais idoso. É um carnaval totalmente voltado para família e inclusivo.

Nós temos também a parte onde comporta pessoas com deficiência, também temos intérpretes de libras para fazer a folia ser completa. A gente pensa no principal: que a diversão consiga chegar para todo mundo. Então a gente só fala para todo mundo vir fantasiado e brincar, não precisa pagar nada, não tem abadá, a gente usa uma camiseta, no dia do lançamento que é a camisa oficial de cada ano, mas é só a comissão organizadora, só para a gente se identificar mesmo e nos dias seguintes a gente curtir. 

Rennan Oliveira

Me formei em jornalismo pela Universidade Federal do Maranhão em 2024, trabalhei em produção de TV e reportagem, produção publicitária e analista de comunicação. Atualmente trabalho como repórter freelancer no Portal Asssobiar, desenvolvendo pautas com temáticas em cultura e direitos humanos. Me interesso por jornalismo cultural e comportamento.
Instagram: @rennanoll

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