Nova Conquista: solidariedade e resistência na luta por um lar

As casas de tijolos e cimento mostram os sinais de uma década de ocupação do terreno nas proximidades da Vila Macedo. O que antes era um ‘matagal’ deserto e de difícil acesso, hoje é o ‘Bairro Nova Conquista’.

A coordenadora do Centro de Direitos Humanos Padre Josimo, Conceição Amorim, participou no dia 12 de novembro de uma audiência de conciliação para tratar da ordem de reintegração de posse que ameaçava as famílias de Nova Conquista. Com a desocupação prevista para 19 de novembro, a situação gerava grande preocupação, pois não havia um plano habitacional para essas famílias, configurando uma violação de seus direitos humanos.

A presidente da Associação de Moradores de Nova Conquista, Jocelya Vieira, relata que o bairro surgiu em meados de 2015, em uma região de mata fechada, pouco movimentada e sem qualquer tipo de cercamento. Segundo a presidente da Associação, os moradores foram “desbravando” o local e construindo suas casas de forma improvisada, utilizando palha e até mesmo tecido.

Ação de solidariedade realizada no último domingo (15). Fotografias: Daniel Sena.

Com a força da união comunitária, o bairro foi se desenvolvendo e, atualmente, conta com casas mais estruturadas, igrejas e uma creche que atende de 15 a 20 crianças por dia. A creche é administrada por Jocelya e pelas mães da comunidade. “Nós criamos os projetos, fazemos o orçamento e eu repasso o valor para a comunidade. Temos uma contribuição de 30 reais todos os meses para viabilizar esses projetos”, explica a presidente.

Por meio de ação da Defensoria Pública Estadual junto à Comissão Agrária do Tribunal de Justiça do Maranhão, a desocupação foi suspensa. No dia 19 de novembro deste ano, o Centro visitou a comunidade e participou de uma reunião com os moradores, celebrando a vitória com o cancelamento da desocupação.

A ação de solidariedade contou com a partição da artista Lília Diniz.

Futuro construído a muitas mãos

No último domingo (15) , a comunidade realizou o “Mutirão Esperançar” com o apoio do Centro de Direitos Humanos Pe. Josimo, evento que reuniu os moradores para a construção de uma praça. Segundo Arimatéia Alves Barbosa, um dos visitantes que ajudou na ação, simboliza a solidariedade que define o bairro: “Concordo que o parquinho para as crianças, essa área coletiva que estão construindo, é importante.”

Jessé Rodrigues Diniz, morador da comunidade desde fevereiro deste ano, compartilha a esperança de dias melhores. Ele trabalha como pedreiro e participa ativamente das melhorias no local, como a construção de uma igreja, que está sendo feita de forma coletiva. 

“A igreja da comunidade está em construção. Recentemente, concretamos a primeira cinta, mas ainda faltam mais cinco para que possamos finalizar a cobertura. Não sabemos exatamente quando ficará pronta, mas estamos tentando inaugurar em janeiro”, completa Jessé.

Apesar dos desafios, como a falta de água e a ausência de transporte público adequado, ele acredita que a regularização fundiária e o apoio da nova gestão municipal trarão estabilidade para os moradores. O pedreiro também destaca o crescimento da comunidade, que hoje abriga cerca de 200 famílias, divididas entre as áreas da Vila Conquista 1, 2 e 3. “A nossa área, a Vila Conquista 1, é a menor, com aproximadamente 80 famílias”, explica Jessé.

No último domingo (15) , a comunidade realizou o “Mutirão Esperançar” com o apoio do Centro de Direitos Humanos Pe. Josimo.

Realidade ‘Nua e Crua’

A maioria das famílias dessas áreas possuem poucos recursos financeiros. O visitante Arimateia Alves Barbosa relata que muitas não têm sequer uma renda equivalente a um salário mínimo. Nesse contexto, a solidariedade é fundamental, e os moradores se ajudam mutuamente na construção de suas casas. “Todo mundo fica desesperado para construir suas casinhas, um ajudando o outro. O pessoal é muito solidário, tá bem bacana”, relata Arimateia.

Ele conclui com uma reflexão sobre a força e a esperança que define o Bairro Nova Conquista: “Se fosse hoje e eu não tivesse casa, eu viria pra cá. Um lugar novo é bom para começar.”

Repórteres: Alisson Coelho, Dhara Inácio e Renata Rodrigues.

redação

últimas publicações

"O que não contam, nós assobiamos"

Todos os conteúdos de autoria editorial do Portal Assobiar podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que deem os devidos créditos.