Skoob: uma rede social para leitores

Em março, escrevi uma coluna sobre livros abandonados na estante. A ideia surgiu depois que assisti um reels do Rodrigo de Lorenzi, no qual ele comentava, de forma bem-humorada e acompanhado de uma taça de vinho, sobre os livros da lista de mais abandonados do Skoob.

Na época, verifiquei que já havia lido 23 dos 106 títulos da lista e que, inclusive, gostava muito de alguns desses livros, mas meu texto focou nos motivos que me levam a abandonar uma leitura (é raro, mas acontece). Já havia chegado algumas vezes ao Skoob ao pesquisar títulos de livros, mas dessa vez baixei o aplicativo no celular, por pura curiosidade, e resolvi testar, criando um perfil.

O Skoob é uma rede social criada por brasileiros em 2009. Em 2021, foi adquirida pela Americanas S.A., que recentemente a vendeu para o Skeelo, plataforma de assinatura de e-books para celulares. Com foco em leitores e escritores iniciantes, acumula mais de 10 milhões de usuários que avaliam livros e escrevem resenhas.

Funciona como uma estante virtual colaborativa, onde é possível organizar seus livros, compartilhar opiniões sobre o que você está lendo, fazer trocas, participar de sorteios e – não menos importante – estipular metas e acompanhar seu ritmo de leitura. Embora não seja uma rede social recente e nem mesmo a única plataforma ou aplicativo com o objetivo de organizar as leituras, o Skoob mudou minha relação com esse tipo de ferramenta e, principalmente, tem me incentivado a ler mais.

No começo de 2024, desafiei-me a ler toda a saga Harry Potter do box comemorativo que havia comprado em 2022 e fui fazendo comentários curtos, no meu perfil de Instagram à medida que terminava a leitura dos livros. Quando baixei o aplicativo do Skoob, em março, subi os livros lidos neste ano e fui trazendo para o Skoob as “pequenas resenhas” que havia publicado antes sobre a saga do bruxo adolescente. Comecei também a escrever as resenhas dos outros livros que havia lido até então.

No Skoob, além de poder organizar a estante por livros lidos, lendo, quero ler, relendo, abandonei e por aí vai, há também dois desafios e um ranking de leitura. Os desafios são: “Leia mais”, que começa com 3 livros (Corujinha – para voar, comece com pequenos pulinhos) e vai até 50 livros (Coruja guru – uma recomendação de livro? Você é a pessoa certa para quem perguntar); “Dias seguidos”, que contabiliza seus dias de leitura, à medida que você faz seu histórico no aplicativo.

Como em uma rede social (o que de fato o Skoob é), você pode seguir e ser seguido por outros usuários, pode acompanhar quantos e quais livros outras pessoas estão lendo, pode curtir os posts e fazer comentários. Para quem, assim como eu, tem tentado usar menos o Instagram e adora literatura, o Skoob funciona bem. Nele consigo manter uma rotina simples e até prazerosa de atualizações de leitura, sem parecer que estou me exibindo nas redes sociais como uma leitora voraz (que de fato sou).

Antes, eu anotava, em um caderno os títulos de todos os livros que eu havia lido em um ano, para não esquecer quais livros foram lidos e para me animar a seguir um bom ritmo de leitura. Mas parei de fazer isso há pelo menos dois anos. Além do mais, sempre tive preguiça de escrever sobre os livros lidos. Minha dificuldade em manter diários de leitura vem do fato de não conseguir seguir uma rotina de escrita manual por mais de 3 dias consecutivos. Nesses casos, o Skoob me ajuda muito: permite-me acompanhar os livros que já li este ano e a criar o hábito de escrever sobre eles, além de me auto desafiar a manter o ritmo de leitura e cumprir aquela velha (e audaciosa) meta de ler todos os livros da minha estante. 

O Skoob (que vem de ‘books’, palavra em inglês para livros, escrita ao contrário e que tem uma coruja como logo) é, nessa era digital, uma maneira de continuar conectado em uma rede social, mas sem a sensação de “estou perdendo meu tempo, deveria estar lendo um livro”, que em geral tenho quando estou passando o feed do Instagram.  Incentiva-me à leitura constante ao mesmo tempo que permite-me uma reflexão diária sobre o ato de ler.

Idayane Ferreira

“Jornalista com “abundância de ser feliz”, mais “da invencionática” do que “da informática”, acredita piamente que Manoel de Barros escreveu “O apanhador de desperdícios” baseando nela.“

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