Débora Oliveira é minha mãe [Rafaela Oliveira], minha força, minha maior referência. Por trás de toda a sua força, há uma trajetória marcada por renúncias, coragem e amor. Neste ano, minha mãe completou 39 anos. Mais do que uma data, este é um marco para lembrar a mulher que moldou minha vida. Minha mãe e durante muito tempo, foi também minha heroína inabalável.

Quando somos muito jovens, raramente compreendemos os sacrifícios que nossos pais fazem por nós. Durante minha infância, eu não entendia por que minha mãe não estava tão presente. Ela preferia trabalhar, e isso, na minha visão de criança, parecia uma escolha. Só muitos anos depois, ao sair de casa para cursar a faculdade, compreendi o que significava tudo aquilo.
“Fui garçonete por muitos anos pra conseguir me manter, aquilo sugava minhas forças completamente. Quando tive a oportunidade de sair do país, não pensei duas vezes em dar uma vida melhor pra minha família”, contou ela. Ela começou a trabalhar ainda na adolescência e, por muito tempo, deixou de lado seus próprios sonhos para garantir os nossos.
Ela precisou interromper os estudos e só conseguiu concluir quando eu já estava mais velha. Ainda assim, nunca abriu mão de nos incentivar. Minha mãe sempre foi a maior apoiadora da educação mesmo sem compreender totalmente o que estudávamos, ela investia o que podia em livros e cursos. “Eu sei tudo que passei por não ter tido acesso à educação. Dar isso aos meus filhos foi a forma que encontrei de dar pra eles as oportunidades que não tive”, ela explica.
Minha mãe nunca chorou na nossa frente durante toda a infância. Anos depois, em uma conversa, ela me confidenciou: “Vocês eram muito jovens… o que pensariam se vissem sua mãe ali, chorando?”
Hoje, ver minha mãe chorar, dançar, se divertir, me emociona. É como conhecer pela primeira vez a mulher real, não a heroína que escondia as dores, mas a Débora que ri alto, que se reinventa todos os dias, que é vulnerável e forte ao mesmo tempo.

Apesar de tudo que enfrentou, Débora é uma das mulheres mais alegres que conheço. Hoje, sou feliz por conhecê-la não apenas como mãe, mas como a mulher inteira e complexa que ela é. A mulher que mudou a trajetória de uma família inteira.
Tenho isso anotado num diário e registrei numa postagem também:
“Lembro de você mais jovem do que agora e sempre te olhava como a mulher mais linda que já tinha visto na vida. Mas agora, com o olhar de uma mulher, não só te acho a mais linda do mundo, mas a mais forte também.
Você é a razão de eu ser quem sou; tudo o que sei e aprendi vem de você…
Que cada dia longe de você seja recompensado pelos momentos mais lindos do seu lado.”
Débora Oliveira Nascimento me ensina todos os dias sobre coragem, amor e cuidado.
Quem me dera, um dia, ser ao menos metade do que ela é.

(contatorafaelavitoria18@gmail.com), graduanda em Jornalismo pela Universidade Federal do Maranhão. Apaixonada por comunicação e audiovisual, atuo com mídias sociais e tenho interesse especial em escrever sobre raça, cinema e suas intersecções. Gosto de contar histórias, experimentar novas formas de criar e descobrir diferentes áreas da comunicação. Acredito que a informação tem o poder de transformar realidades.