A moda na literatura

À primeira vista, moda e literatura podem parecer mundos muitos distantes, mas quando a gente olha um pouco mais de perto vai perceber que as descrições de roupas são frequentemente usadas nos livros para revelar status social e transmitir atmosferas de épocas específicas, sendo, portanto, expressão de identidade, cultura e história. A relação entre as duas áreas vai desde os trajes detalhados descritos em romances até a influência rica e multifacetada de escritores na moda contemporânea.

Em obras como “Madame Bovary” de Gustave Flaubert, as roupas de Emma Bovary refletem sua personalidade, suas aspirações e frustrações. Os trajes luxuosos e extravagantes dos personagens de “O Grande Gatsby” de F. Scott Fitzgerald, capturam a opulência e o hedonismo dos anos 1920.

Em “Bonequinha de luxo” (Breakfast at Tiffany’s) de Truman Capote, Holly Golightly, personagem da história que dá nome ao livro – e que foi interpretada pela Audrey Hepburn no cinema – é descrita como uma mulher sofisticada e elegante. Fã da joalheria Tiffany’s, Holly vive uma vida noturna agitada na alta sociedade nova iorquina, embora seja na verdade uma pobretona.

Não raro, obras literárias podem influenciar desfiles e o mundo da moda e autores, além de descrever a moda em suas obras, também podem influenciar diretamente tendências. É o caso, por exemplo, do escritor britânico Oscar Wilde, conhecido por seu estilo excêntrico e por seu amor por peças extravagantes, como casacos de veludo e flores na lapela, que o tornaram uma figura icônica. Autor de “O Retrato de Dorian Gray”, cujo personagem principal é descrito como um homem de bom gosto e senso estético, um verdadeiro dândi de roupas exageradas e elegantes.

A interseção entre literatura e moda é um terreno fértil para a exploração criativa. Ambas utilizam seus próprios meios para comunicar sobre a condição humana, refletir mudanças sociais e culturais, e expressar identidades únicas. Em moda e literatura, uma roupa quase nunca é só uma roupa.

Idayane Ferreira

“Jornalista com “abundância de ser feliz”, mais “da invencionática” do que “da informática”, acredita piamente que Manoel de Barros escreveu “O apanhador de desperdícios” baseando nela.“

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