Mães Solo: alguns dos desafios da maternidade sem parceiro

Na sociedade contemporânea, mães solo enfrentam desafios únicos. Cada história de mãe solo é tecida com desafios, lutas e vitórias.

“Ser mãe é aprender todas as profissões todos os dias. É cuidar, ensinar e amar”, conta a mãe e estudante, Lourrana Sousa, 26 anos. Na sociedade contemporânea, mães solo enfrentam desafios únicos. Uma pesquisa conduzida pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 2022 revelou que no Brasil há 11,3 milhões de mães que criam seus filhos sozinhas, representando 16,9% do total no Maranhão.

Arquivo pessoal de Lourrana Sousa, 26 anos.

“Meu filho tem sinusite aguda, alergias. Tenho que sempre manter os cartões livres e o limite de gastos bastante controlado, o que não é fácil”, conta a administradora e mãe Rayane Rabelo, de 34 anos. Para muitas mães solo, a luta financeira é uma realidade a ser enfrentada. A constante preocupação com a escassez e a luta para garantir as necessidades básicas dos filhos são dificuldades constantes.

O Projeto de Lei 3717/2021, chamado de “Lei dos Direitos da Mãe Solo”, assegura uma série de medidas para garantir os direitos das mães que criam seus filhos sozinhas: pagamento dobrado de benefícios, prioridade em vagas de creche, cotas de contratação em grandes empresas, licença maternidade de 180 dias e subsídio em transporte urbano. O auxílio-doença e o auxílio-maternidade são benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em casos de incapacidade temporária para o trabalho devido a doença e durante o período de licença-maternidade.

Além disso, existe um equilíbrio entre cuidar dos filhos e cuidar de si mesma e de suas carreiras. “Não saio pra lugar algum a não ser com ela, e se preciso resolver algo sem ela, tento fazer o mais rápido possível”, conta a estudante Lourrana Sousa.

Arquivo pessoal de Rayane Rabelo, de 34 anos.

O suporte parcial oferecido por familiares muitas vezes é acompanhado de julgamentos e cobranças, resultando em isolamento e uma sensação de prisão dentro das paredes do lar. “Nem em todo lugar você pode ir, nem em todo lugar você é chamado ,nem todo lugar você é bem-vinda”, relata a auxiliar de cozinha, Rosa Mística Lustosa, de 32 anos.

Apesar das lutas e do peso das responsabilidades, nas profundezas da maternidade solo, há realizações. “A minha maior alegria é chegar em casa, ver minha filha bem, e ela me abraçar. Então aquele dia cansativo, de correria, valeu a pena”, relata a auxiliar de cozinha.

Mesmo com a dificuldade de estar trabalhando todos os dias, tendo que deixar os filhos com familiares, o filho é o apoio emocional da mãe. “Com minha filha eu pude conhecer o amor de verdade e a felicidade de receber um amor tão puro quanto o dela, os melhores abraços e o melhor sorriso”, conta Lourrana.

Uma rede de apoio seria essencial para auxiliar as mães solos nesse trajeto árduo. “Deveria existir o programa acolhedor, que envolvesse conversas e acompanhamentos com psicóloga”, relata Lourrana.

Arquivo pessoal de Rosa Mística, de 32 anos

A Administradora conta que a sociedade deveria ter mais empatia e a criação de uma rede de apoio para estas mães. A auxiliar de cozinha relata que esse é um desafio diário. “Ao sair de casa para trabalhar e deixar minha filha, sabendo que ela é única e exclusiva responsabilidade sua, é um desafio enorme. Isso exige preparo psicológico e emocional”, relata.

“Quero ser exemplo na vida dela [sua filha], que veja em mim alguém que não desistiu mesmo em meio a tantas dificuldades. Se um dia ela pensar que está difícil, possa dizer “eu tenho a minha mãe comigo, não estou sozinha. Ela conseguiu, eu também vou conseguir”, afirma Lourrana.

Cada história de mãe solteira é tecida com desafios, lutas e vitórias. “Todo dia eu luto pelo futuro da minha filha”, destaca Rosa Mística. São mulheres fortes, resilientes e dignas de admiração, cujas vozes merecem ser ouvidas e cujas batalhas merecem ser reconhecidas.

Quais os benefícios governamentais e como solicitar:

Para ter acesso a estes benefícios extras, as famílias necessitam manter seus dados atualizados no Cadastro Único (CadÚnico), processo que exige uma visita pessoal a uma unidade do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS).

Estão entre os principais:

  • Renda de Cidadania, que adiciona R$ 142 por membro da família;
  • Benefício Complementar, que completa o valor até atingir R$ 600 caso a soma dos outros benefícios não alcance este valor;
  • Benefício Primeira Infância, que disponibiliza R$ 150 mensais para cada criança de zero a sete anos;
  • E ainda, o Benefício Extraordinário de Transição, disponível até maio de 2025, que garante que nenhum beneficiário receba valor inferior ao concedido pelo programa Auxílio Brasil.

Esses benefícios adicionais são cruciais para o suporte a muitas famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica, auxiliando na redução da desigualdade social e promovendo o bem-estar em todo o país.

Texto e apuração Sarah Rocha – Estagiária do Portal Assobiar

redação
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