Solanda Steckelberg: Fundadora do Centro Cultural Tatajuba
Solanda Steckelberg. Ilustração: Idayane Ferreira

O Centro Cultural Tatajuba iniciou suas atividades em outubro de 2022 no município de Imperatriz, mas desde 2015 a ideia já começava seu processo de maturação e os preparativos para unir a diversidade artística cultural existente na região em um só lugar.

Para quem não conhece, ou para quem já conhece, o Centro Cultural Tatajuba é uma organização sem fins lucrativos voltada principalmente para formação, capacitação e geração de renda regional que lida com uma gama de parcerias, que proporciona oportunidades as crianças, jovens e adultos, além de ser uma vitrine das tradições Maranhenses.

A instituição é definida como um sonho semeado no Centro de Imperatriz e tem sido um lugar de celebrar a criatividade, abrigar exposições, mostras de cinema, oficinas, debates e outros eventos gratuitos e acessíveis ao grande público.

Entre os meses de setembro a dezembro os trabalhos envolveram mais de 60 pessoas trabalhando na coordenação e manutenção das atividades e mais de 6 mil pessoas participaram de cursos de culinária, aulas de danças, oficinas de teatro, artesanato, marketing digital e participação do público que foi prestigiar, tudo de forma gratuita.

Mas diante da expansão do Tatajuba em Imperatriz e municípios vizinhos, mas quem criou e está por trás desse projeto que incentiva a cultura e se expande por Imperatriz e cidades vizinhas? Apresento-lhes Solanda Steckelberg! Natural de Anápolis-GO, a empreendedora social de 50 anos é uma aspirante ao universo artístico e cultural e por meio do seu trabalho tem unido o útil ao agradável: encontros entre aqueles que desejam ampliar seus conhecimentos culturais e a diversidades artística da nossa região.

Ela retorna a Imperatriz após 35 anos fora da cidade, porém com uma bagagem profissional de 20 anos de atuação profissional na área de cultura. Graduou-se em Comunicação Social-Jornalismo e em Relações Públicas pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais e fez especializações em Comunicação e Gestão Empresarial e Gestão de Patrimônio Cultural pelo Instituto de Educação Continuada (IEC), além de ter trabalhado em várias instâncias do Governo e projetos sociais, sobretudo com projetos artísticos culturais.

A ideia de criar o Tatajuba na cidade nasceu porque a família de Solanda é natural de Imperatriz e o edifício onde acontecem as ações é de sua família. “Como eu trabalho na área de cultura há 25 anos, a gente desativou uma pousada que tínhamos ali e, pela minha trajetória profissional, eu fiz a proposta para minha família da gente montar um Centro Cultural e minha família abraçou a ideia”.

Com isso, Solanda expandiu seus negócios de Minas Gerais, onde morava, para o Maranhão por meio do empreendedorismo social ao criar uma instituição sem fins lucrativos, que utiliza metodologias voltadas para a Educação e Cultura. “Foi dessa forma que criamos, aproveitando o que a gente tinha e percebendo que seria um projeto importante e interessante para a região.”

Solanda explica de onde nasce o desejo pela área cultural e ela define como uma missão de vida. “É um desejo, é uma vocação e na verdade quando eu me formei não existia ainda formação pra área de Cultura. Então eu me interessei na área de Comunicação. Imagino que você também, mas hoje em dia você e a sua geração ainda têm opções de estudar na área de arte e cultura, na minha época não, a gente tinha que fazer coisas paralelas. Aí eu resolvi fazer Comunicação, mas já comecei a trabalhar com cultura desde o primeiro… segundo período de faculdade e é uma vocação. Eu sempre gostei, nunca tive aptidão como artista, mas sou casada com um artista”.

No Centro Cultural Tatajuba, Solanda trabalha juntamente com sua família, ela faz a parte da Gestão Cultural e os trabalhos são divididos de acordo com as aptidões de cada um, e é nesse vai e vem de emoções que destaca ser desafiador trabalhar com a própria família.

“Eu costumo dizer que somos um circo sem lona por sermos uma família que trabalha com cultura e, uma curiosidade, Tatajuba é uma árvore, mas também é o apelido dos meus irmãos que é o Juliano e o Renato: o Renato é o Tatá e Juliano é o Juba. Uma junção, é uma brincadeira, mas é uma homenagem à árvore nativa da Amazônia Legal, então é uma família que trabalha junto, e eu e meu marido, meus irmãos, a estrutura é familiar”.

Com aquele brilho no olhar de quem conseguiu aos 50 anos realizar um sonho e um desejo de infância, ela explica ainda que apesar de ser uma empresa familiar, que empreendem juntos, a instituição têm muitos parceiros em Imperatriz e em outras partes do Brasil a fora, que acreditam na importância e no desenvolvimento da instituição.

“O Centro Tatajuba é fruto de um trabalho de 20 anos, e para além do meu desejo é a minha fé, é a minha missão no mundo. Então eu o vejo forte, cheio de frutos, e Tatajuba é uma árvore com sombra, com fruto doce, gostosa, né? Uma árvore da minha infância, e eu vejo ele como a própria árvore dando frutos. Vejo o projeto certificando pelo menos 500 pessoas por ano”.

Nesse primeiro ano, a instituição proporcionou aulas de danças, culinária e artes plásticas, desenhos com grafite, Cine Babaçu por meio da produção audiovisual e em 2023 tem o objetivo de focar ações em artes cênicas.

“A gente também atua na literatura. Produzimos um livro de poesias coordenado pela Lilia Diniz e que foi inclusive o roteiro do festival que se apresentou lá no Teatro Ferreira Gullar. Por isso o Centro Cultural é múltiplo e que olha pra cidade, pros talentos da cidade e oferece ferramentas, e oportunidades para as pessoas trabalharem e mostrarem.”

Solanda realiza ainda a gestão de planejamento das atividades da instituição atualmente e busca se inspirar nas mulheres fortes que sempre estiveram ao seu lado. Ao avaliar o primeiro ano do Centro Cultural Tatajuba, enquanto gestora, ela afirma que colheu resultados importantes.

“Isso se deve a união de forças e dedicação de muitas pessoas que nos ajudaram e nos auxiliaram e estiveram com a gente, essas parcerias foram fundamentais para que acontecesse e eu acho que os resultados foram os melhores possíveis, dentro do que a gente pode investir a gente alcançou todas as metas estipuladas”.

Solanda relata ser difícil definir o que é ser uma mulher empreendedora, porque durante muito tempo essa tarefa era masculina na sociedade. “Ser uma mulher empreendedora é fazer algo que faz sentido para nossa existência, seja no campo que for que você atuar. O empreendedorismo, muitas vezes, ele desafia mais porque o empreendedorismo ele não te garante uma estabilidade. Você corre riscos, você pode lidar com uma frustração, talvez maior e ao mesmo tempo você pode se surpreender positivamente também.”

Solanda pontua que para empreender é preciso manter certa leveza na vida. “Aproveitar cada dia da melhor forma possível como se fosse o último. Não deixe nada para depois, não procrastine, e viva um dia de cada vez, sem atropelar os tempos de cada situação e gostar de aproveitar a vida de forma feliz”.

Daniela Souza

Jornalista especializada em Assessoria de Comunicação Organizacional e Institucional. Já vivenciou experiências profissionais nas áreas de publicidade e propaganda, produção de documentários, radiojornalismo, assessoria política, repórter do site jornal Correio de Imperatriz e social mídia. Boa parte de suas experiências profissionais foram em assessorias de comunicação institucional de ONGs, com ativismo social voltado para a defesa de direitos humanos, justiça socioambiental e expansão da agroecologia na região do bico do Papagaio; esses trabalhos ocorreram nas cidades de Açailândia, Imperatriz (MA) e Augustinópolis (TO).

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