Isadora Matos: Atriz, Modelo e Ativista Social

“Eu me inspiro na minha mãe e temos muitas trocas e me sinto grata por isso. Agradeço a ela porque sempre cuidou de mim. A minha mãe e eu sempre fomos muito ligadas” (Isa Matos)

Isadora Matos. Ilustração: Idayane Ferreira

Isadora Matos é daquelas jovens mulheres que nasceram para viver e fazer grandes revoluções. Com um gosto peculiar por fotos e vídeos, logo a mãe ouviu tão cedo “quero ter fãs, me comunicar com pessoas”. Agora imagina você, aqui em Imperatriz – tão longe dos grandes centros de mídia que revela celebridades – claro que ia ser difícil, mas com a internet as fronteiras são superadas. 

Assim foi! A mãe da Isadora – Samanta Matos – ensinou e tem apoiado a filha a passar pelos caminhos das pedras, com leveza e amor. Além de se identificar cedo com o universo artístico, Isa ao longo dos seus 23 anos é ativista social junto com a mãe em prol das pessoas com Síndrome de Down. Algo que deixa a Isa feliz por ser a porta voz dessa representatividade. 

Ao nascer, a mãe logo buscou apoio junto às escolas e à prefeitura para a efetivação de políticas públicas de inclusão social às pessoas portadoras de deficiência.  E é dessa forma, que Isa assume a sua postura de ser também ativista social, que significa muitas vezes esperar o tempo certo mas confiante: planejando e articulando os passos a ser dado, além de analisar com quais pessoas vai poder contar quando esse tempo chegar. 

A protagonista de ‘Dias Mulheres Virão’ de hoje, é essa jovem mulher que teve que esperar confiante que este dia chegaria. Isa Matos sonhou por muito tempo ser modelo, atriz e ocupar os palcos que ela quisesse. Após uma longa caminhada, ao lado de sua mãe Samanta, Isa tira seus sonhos do papel e essa história será contada aqui. Que sirva de inspiração pra você. 

Ela nasceu em 1999 e com Síndrome de Down. Pouco se falava nessa época sobre o que seria essa deficiência e quais cuidados e especialidades a pessoa com síndrome de down deveria ter. Na grande mídia, não tinha representatividade. Anos depois, algumas novelas incluíram atores e atrizes com síndrome de down no elenco. Assim, os desejos e sonhos de Isa passaram a se tornar imagináveis. 

Aos poucos as ideias e possibilidades foram sendo amadurecidas dentro de si e de seus amigos e familiares. O mundo deu muitas voltas até ver que seria possível tornar o sonho de ser atriz e modelo. 

“Quando eu nasci – quando eu era bem pequeninha – eu amava ser modelo e a minha mãe me mostrou o caminho, porque para ser modelo a minha mãe me ajuda. Eu me inspiro na minha mãe e temos muitas trocas e me sinto grata por isso. Agradeço a ela porque sempre cuidou de mim. A minha mãe e eu sempre fomos muito ligadas”, afirma Isa emocionada com sua mãe do lado ao conceder essa entrevista. 

A rotina da Isa de modelo e atriz é assim: Ir para as suas aulas de dança e teatro na semana, faz fotos com roupas e recebidos do dia. “Muito do que eu sou hoje é graças a minha mãe, ela sempre me levou à ocupar todos os lugares. Depois criamos o instagram e começamos a postar as coisas que eu faço nesse trabalho”, declara Isa super empolgada e alto astral com o seu dia a dia.  

Samanta enquanto mãe e assessora incentiva a filha e relembra a ela todos os dias que trata-se de um trabalho, e como todo trabalho necessita ter uma rotina e levar em conta os horários dos compromissos. “É um trabalho que necessitou eu ser mais adulta, estudar, conhecer esse universo e ter mais maturidade. E minha mãe sempre esteve comigo. Ela sempre cuidou de mim e sempre esteve do meu lado. Ela é linda demais. Ela sempre acreditou no meu sonho de ser modelo”, ressalta Isa. 

Samanta explica que só agora em 2023 foi possível lançar a carreira de modelo da filha. Nos últimos anos, Isa fez cursos de automaquiagem, desenho, teatro, dança e fonoaudiologia e assim desenvolveu sua rotina artística. 

“Gratidão, pois eu vou lembrar sempre no meu coração. Olha essa pessoa que sou: uma mulher adulta realizando um sonho (complementa a Samanta). As aulas de teatro agora [no Conservatório Municipal de Dramaturgia] têm me ajudado muito a gravar os vídeos, a minha expressão e ter mais fãs [no sentido de inspirar pessoas], informa Isa.

Ao longo da nossa conversa, a primeira entrevista pessoalmente da editoria ‘Dias Mulheres Virão’, Isa não cansa de admirar sua mãe que lhe apoia, incentiva e lhe acompanha nos compromissos. “Minha mãe é muito especial pra mim. Ela me ajuda a gravar os vídeos, me leva nas aulas de teatro e dança, e sempre me ensina a ter foco.”

Ativista Social

“Quando ela começou, nossa ideia foi dar essa cara de que trata-se de um trabalho e de profissão. como ela tá na fase adulta e já saiu da educação regular, ela já fazia cursos e fez muitos cursos online na época da pandemia e percebemos que já estava no tempo de ter uma profissão, pra que ela se sentisse parte da sociedade, pra que ela não se sentisse ‘sem uma vida regular’”, explica Samanta.

Por ser um trabalho e algo profissional, Samanta esclarece todos os dias à filha que é preciso ter foco. O trabalho artístico também se estende a ser ativista social. Há 3 anos as duas criaram e mobilizaram outras mães, amigos e familiares de pessoas com Síndrome de Down. O movimento se chama ‘Cromossomos Mais’. Agora no mês de março será realizado a semana municipal de pessoas com Síndrome de Down com uma programação cultural aberta ao público. 

O grande orgulho da mãe parece ser o lado mais ativista. Com um olhar de admiração, ela conta que durante a vacinação na pandemia, vários municípios já tinham liberado para vacinar pessoas portadoras de deficiência e outras comorbidades. “Aqui não tinha acontecido ainda à vacinação. Realizamos diversas reuniões na Câmara de vereadores e mobilizamos pais e familiares e com muita luta conseguimos que eles e elas se vacinassem. A Isa foi o rostinho dessa campanha e foi a primeira a tomar a vacina.”

Para acompanhar a Isa nas redes sociais acesse: @isamatosoficial  e @cromossomosmais

Daniela Souza
Daniela Souza

Jornalista especializada em Assessoria de Comunicação Organizacional e Institucional. Já vivenciou experiências profissionais nas áreas de publicidade e propaganda, produção de documentários, radiojornalismo, assessoria política, repórter do site jornal Correio de Imperatriz e social mídia. Boa parte de suas experiências profissionais foram em assessorias de comunicação institucional de ONGs, com ativismo social voltado para a defesa de direitos humanos, justiça socioambiental e expansão da agroecologia na região do bico do Papagaio; esses trabalhos ocorreram nas cidades de Açailândia, Imperatriz (MA) e Augustinópolis (TO).

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