Vendedoras de cerveja

Histórias de motivação sempre nos impulsionam para frente, a que vou contar agora aconteceu em fevereiro de 2019, durante o caminho para uma festa de pré-carnaval em Imperatriz.

Poucos dias antes do carnaval acontecia uma grande prévia da folia e eu me preparei para dirigir os dois dias e faturar um pouquinho mais. Logo no sábado por volta das 3h da tarde recebi uma chamada para buscar no bairro Bacuri e levar no Parque de Exposições, achei um pouco cedo demais, pois o evento só iria começar depois das 5h, mas atendi e fui para o local de embarque.

Chegando lá, eram quatro mulheres, uma pilha de copos de plástico e uma caixa de bonés. Elas não estavam indo brincar, iam trabalhar a noite e a madrugada inteira. Duas iam vender os bonés e os copos por conta própria e as outras eram contratadas pelo distribuidor de cervejas para vender a bebida e ganhar R$ 100,00 reais por noite. Como a festa iria durar os dois dias do fim de semana, receberiam R$: 200,00 no encerramento.

As que estavam com os objetos já eram acostumadas com o serviço e me contaram que quase todo grande evento elas iam, já as outras eram iniciantes, mãe e filha. A mãe recebeu o convite e levou a filha para ir trabalhar junto. No caminho elas já iam fazendo os planos de como gastar o dinheiro. Os planos de três das quatro moças se resumiam em pagar carnês e boletos, na conversa delas o que mais me chamou atenção foi os planos da mais novinha.

 Ela ia comprar todo de leite e massa de mingau para o filho de seis meses, ela estava passando por sérias dificuldades financeiras e o marido era usuário de drogas, uma situação bem complicada. Ela contou que insistia no casamento porque acreditava que ia conseguir tirar o marido do vício, o rosto dela e da mãe era visível o sofrimento. 

O marido da moça só aceitou ficar com o filho se ganhasse uma parte do dinheiro, ouvi aquilo super assustada com o absurdo, mas não tinha muito o que eu fazer.

Para não ficar o clima de tristeza as colegas mudaram de assunto, afinal estavam indo para uma festa e precisavam parecer alegres para atender os clientes.

Juliana de Sá

Jornalista por formação e curiosa por vocação! Nas horas vagas dirijo por aplicativo nas ruas de Imperatriz, onde ouço todo tipo de história e as transformo em texto. Às histórias são reais com uma leve liberdade poética, se você gosta de imaginar venha comigo nessa!

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