Relendo livros

Recentemente, li uma crônica de Rubem Alves intitulada “Livros que dão alegria”, que me deixou pensativa. Não era um texto apenas sobre livros, mas sobre contar bem os nossos dias, não os dias passados, mas os que ainda estão por vir e que não se sabe quantos serão. O texto falava também de coisas que dão alegria.

“Não há receitas para a alegria. Assim, o que eu posso fazer é simplesmente falar aos meus amigos sobre coisas que me dão alegria, na esperança de que, se dão alegria para mim, pode ser que deem alegria para eles. Começo com os livros. Livros há muitos. Mas poucos são os que dão alegria. Desconfie dos devoradores de livros. Livros em excesso não fazem bem, da mesma forma como comida em excesso não faz bem.”

Rubem compartilha que doou mais da metade de sua biblioteca ao perceber que não teria tempo para ler todos os livros e que eram poucos os que lhe davam alegria. “[…] a marca dos livros que dão alegria é que parecem com poemas: voltamos sempre a eles, para lê-los de novo. Livros que dão prazer raspam a pele. Livros que dão alegria entram pelo sangue.”  

Tenho muitos livros e vivo em busca da próxima leitura. A crônica me levou a ponderar sobre quais livros eu teria prazer e alegria em reler. Recordei-me de que, no ano passado, reli “Ainda estou aqui”, de Marcelo Rubens Paiva, após assistir ao filme homônimo baseado na obra, que narra a trajetória de Eunice Paiva. Como a havia lido há muito tempo, fiquei, mais uma vez, impressionada com a beleza desse livro.  Em 2024, reli também “Perto do Coração Selvagem”, de Clarice Lispector, 17 anos após minha primeira leitura. A releitura me proporcionou um grande aprendizado, reafirmando em meu coração e mente por que ele é um dos meus livros favoritos da vida.

Este ano, pela primeira vez, elaborei  uma lista de livros da minha estante que pretendo ler. Entre eles está “Cem anos de solidão”, de Gabriel Garcia Márquez, que li na adolescência. Aos poucos, quero construir uma lista de livros que desejo reler, “livros que me fazem sorrir só de pensar neles. Livros de leitura fácil, que dariam alegria a qualquer leitor”. Livros que me desafiaram, tirando-me da zona de conforto e levando-me a refletir.  “Esses livros são os meus companheiros de solidão. Quem os ler com alegria estará na minha confraria.”

Idayane Ferreira

“Jornalista com “abundância de ser feliz”, mais “da invencionática” do que “da informática”, acredita piamente que Manoel de Barros escreveu “O apanhador de desperdícios” baseando nela.“

Outras colunas

"O que não contam, nós assobiamos"

Todos os conteúdos de autoria editorial do Portal Assobiar podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que deem os devidos créditos.