Pequeno Manual Antirracista – Djamila Ribeiro

Djamila Taís Ribeiro dos Santos é uma importante voz contemporânea em defesa dos negros e das mulheres. Filósofa, ativista social, professora e escritora, Djamila corajosamente denuncia a violência e a desigualdade social – principalmente contra negros e mulheres – tão características da sociedade brasileira. O seu livro Pequeno Manual Antirracista, que trata do racismo estrutural arraigado no Brasil, recebeu o prêmio Jabuti, e é sobre ele que quero falar hoje.

Em onze capítulos curtos e contundentes, Djamila Ribeiro apresenta caminhos de reflexão para aqueles que queiram aprofundar sua percepção sobre o racismo estrutural no Brasil, ela argumenta que a prática antirracista é urgente e se dá nas atitudes mais cotidianas, segunda ela, é uma luta de todas e todos. O livro tem uma linguagem bastante didática e acessível e, instiga ao que você, pessoa branca, está fazendo para combater o racismo(?).

Logo de cara ela já vem falar que os negros são a maioria no Brasil – cerca de 56% da população brasileira é negra, mas não vemos essa maioria em situações de poder exercendo altos cargos, sendo líderes ou chefes. Então, esse é um dos primeiros fatores que ela traz para mostrar a desigualdade. Além disso, ela fala um pouco sobre a questão do feminismo e a propagação dada às mulheres negras, como se elas fossem “mais fáceis” e sensuais, soubessem “naturalmente” rebolar, sambar… e aí justamente por essa sensualização é que o número de abusos e violência sexual em mulheres negras é maior que em mulheres brancas e aí entra também uma outra segregação.

Djamila fala ainda sobre um sistema social onde o Poder Judiciário, ao invés de se manter isento, está profundamente relacionado com a polícia, muitas vezes favorecendo os militares e condenando jovens negros sem as devidas provas. Nesse contexto, ela desafia, por exemplo, a repensarmos enquanto sociedade as formações que são dadas aos policiais militares.

O desafio proposto em Pequeno Manual Antirracista é então, mostrar o preconceito racial que é herança dos tempos da escravidão e que condena, até os dias de hoje, a população negra a um determinado lugar social, com piores índices de desenvolvimento humano e fora dos espaços de poder e ajudar, de alguma forma, a combatê-lo, dando ferramentas para o grande público (re)pensar a sua postura social. O seu trabalho acadêmico, político e intelectual vai no sentido de apresentar a história para os brasileiros e motivá-los a praticarem políticas antirracistas no dia a dia, pois:

“Não basta só reconhecer o privilégio, precisa ter ação antirracista de fato. Ir a manifestações é uma delas, apoiar projetos importantes que visem à melhoria de vida das populações negras é importante, ler intelectuais negros, colocar na bibliografia.”

Andrelva Sousa

Graduada em Serviço Social pela UNISULMA e faço parte do Clube de Livros Mulheres em Prosa que é um grupo de leitura de mulheres que leem mulheres e que se reúnem uma vez a cada dois meses para debater uma obra de autoria feminina. Nessa coluna, pretendo compartilhar com vocês sobre as leituras que já fiz e quais as percepções que elas me trouxeram. Uma frase que gosto muito é da Rosa Luxemburgo que diz o seguinte: ”Quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem”.

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