Os motoristas e o rádio

Há muito tempo venho pensando na relação dos motoristas por aplicativo com a sintonia do rádio. São horas dirigindo, dezenas de passageiros entrando e saindo, mas, em boa parte do tempo, o motorista está sozinho, conversando com seus próprios pensamentos. Um grande companheiro é o locutor do rádio, que informa a hora, diz as notícias, brinca e faz sorrir.

A maior coincidência entre nós, motoristas e o locutor é que ambos estão sozinhos, acompanhados de várias pessoas. Louco isso, né?

A história de hoje foi escrita ao longo de muitos dias, na companhia de vários colegas. A motorista que vos escreve, por um longo tempo, todas as tardes, escrevia para o rádio e pedia sempre a mesma música: “Tá Escrito”, do grupo de pagode Revelação. Pela grande sequência de vezes, o locutor já havia criado uma amizade: sempre tinha uma mensagem de motivação. Porque às vezes, a felicidade demora a chegar — mas chega.

Eu até tenho a opção de usar pendrive ou conectar o bluetooth, mas prefiro sempre a sintonia do rádio. É mais emocionante — e menos só.

E, nos momentos de maior aflição, com os lucros baixos, corridas ruins, estaciono o carro e aumento o volume e, por coincidência, o locutor repete:
“Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé
Manda essa tristeza embora”…

Mesmo com todas as plataformas digitais disponíveis, creio que o rádio só se fortalece, assim como a coragem de trabalhar de todos, motoristas, vendedores, donas de casa, que aumentam o som para formar a trilha sonora da vida.

E por aqui vou encerrando, voltando aos poucos com a histórias e ouçam o rádio, rádio é magia.

Juliana de Sá

Jornalista por formação e curiosa por vocação! Nas horas vagas dirijo por aplicativo nas ruas de Imperatriz, onde ouço todo tipo de história e as transformo em texto. Às histórias são reais com uma leve liberdade poética, se você gosta de imaginar venha comigo nessa!

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