Oh, Rita!

Que a vida imita a arte, não tenho dúvidas, mas essa história me deixou de boca aberta, de tão surreal. Era um dia de semana normal, 10h30 da manhã, quando embarcaram duas mulheres com uma solicitação do INSS para a Vila Lobão.

Caro leitor, esteja preparado para o que você vai ler agora!

Uma das mulheres é pensionista do INSS por deficiência intelectual (vamos chamá-la de Rita) e a outra é uma prima que cuida dela. Conversando, descobri que Rita tinha ido fazer uma perícia de revisão do benefício. A prima acompanhante disse que ela tinha ficado com problemas mentais depois de quebrar o resguardo do parto, 22 anos atrás.

Eu, na ingenuidade, perguntei: “Mas o que aconteceu para quebrar o resguardo?”.
A passageira respondeu: “Ah, ela deu uma facada no marido dela”.

Oh, Rita! E o marido perdoou a facada? Fiz esse trocadilho! Nesse momento, com a voz trêmula, ela disse:
“Ele tem sorte que eu dei a facada do lado errado!”

O marido da Rita aproveitou que ela estava no pós-parto para sair com uma amante, e Rita descobriu. “Eu peguei uma faca na gaveta e fui! Na hora, fiquei tão nervosa que esqueci de qual lado era o coração, acabei furando o lado errado. Eu queria era matar”, completou ela.

Depois disso, Rita ficou depressiva e teve surtos psicológicos contínuos, o que causou danos irreversíveis em sua mente.

O homem foi hospitalizado e passou por dias difíceis, mas não morreu. Rita foi detida e ficou presa por alguns meses, mas sua pena foi reduzida devido ao seu estado emocional e também porque a vítima sobreviveu. O marido retirou a queixa e foi embora, nunca mais quis saber de Rita, da filha ou da cidade.

Lembra da prima que também estava no carro? Pois é, na época da confusão, ela ficou responsável pela educação da criança e pelos cuidados com Rita, que não conseguiu mais trabalhar devido à deficiência intelectual.

Ao chegarem ao destino, elas pagaram e desceram com toda a tranquilidade de duas senhorinhas de cinquenta e poucos anos, e eu fiquei pensando na importância de guardar o resguardo. O puerpério não é brincadeira.

Juliana de Sá

Jornalista por formação e curiosa por vocação! Nas horas vagas dirijo por aplicativo nas ruas de Imperatriz, onde ouço todo tipo de história e as transformo em texto. Às histórias são reais com uma leve liberdade poética, se você gosta de imaginar venha comigo nessa!

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