Graças à tecnologia digital, estamos constantemente conectados e somos bombardeados por estímulos a todo momento. A facilidade de acesso e a quantidade ilimitada de estímulos tornam todos suscetíveis a padrões de comportamento viciantes. Uma sensação que se tornou quase um reflexo na nossa era moderna, e que alguém resumiu de maneira precisa em apenas 18 […]

Graças à tecnologia digital, estamos constantemente conectados e somos bombardeados por estímulos a todo momento. A facilidade de acesso e a quantidade ilimitada de estímulos tornam todos suscetíveis a padrões de comportamento viciantes.

Uma sensação que se tornou quase um reflexo na nossa era moderna, e que alguém resumiu de maneira precisa em apenas 18 palavras no X/Twitter: “O indescritível prazer de concluir uma tarefa e fechar todas as 38 abas abertas no navegador.”

No meu caso, é quase certo que vou fechar as abas sem ler todo o conteúdo das páginas. Mais certo ainda que vou salvá-las entre os favoritos para ler depois… mas esse “depois” nunca vai chegar. Talvez por isso o livro “Nação Dopamina: Por que o excesso de prazer está nos deixando infelizes e o que podemos fazer para mudar”, da psiquiatra Dra. Anna Lembke, tenha me feito não apenas refletir, mas também adotar pequenas ações que têm se demonstrado eficientes.

Neste livro, a Dra. Anna Lembke, psiquiatra e professora da Escola de Medicina da renomada Universidade Stanford, baseia-se em novas descobertas científicas para explicar por que a busca incessante pelo prazer gera mais sofrimento do que felicidade e o que podemos fazer a respeito. A obra explora os mecanismos do prazer e do sofrimento e como encontrar o delicado equilíbrio entre eles.

A busca incessante por likes em redes sociais, promoções tentadoras e novidades na internet é alimentada por um mensageiro químico do cérebro: a dopamina. Este neurotransmissor desempenha um papel importante em nosso sistema de recompensa cerebral, motivando-nos a buscar prazer e recompensa. No entanto, a sensação de prazer não é o único componente envolvido; a motivação e o estímulo reforçador também desempenham papéis fundamentais.

Estamos vivendo em uma era de excessos, com acesso sem precedentes a estímulos de alta recompensa e alta dopamina: drogas, comida, notícias, jogos, compras, sexo e redes sociais. A variedade e a potência desses estímulos são impressionantes, assim como seu poder de vício (adctivo).

A procura desenfreada por estímulos pode minar a satisfação em nossas vidas, e com o tempo, desenvolvemos tolerância a esses estímulos, o que significa que precisamos de doses cada vez maiores para obter a mesma sensação de prazer.   Nossos celulares oferecem dopamina digital 24 horas por dia, 7 dias por semana, para uma sociedade ao mesmo tempo conectada e alheia ao que acontece ao redor.  Desse modo, todos nós somos vulneráveis ao consumo excessivo e à compulsão.

A Dra. Lembke argumenta que a incessante busca por evitar o desconforto, como o tédio e a monotonia, junto com o uso indiscriminado de medicamentos para aliviar a dor, pode nos privar de experiências que fortalecem nossa resiliência mental. A tolerância à dor emocional e psicológica é fundamental para enfrentar os desafios futuros.

Idayane Ferreira

“Jornalista com “abundância de ser feliz”, mais “da invencionática” do que “da informática”, acredita piamente que Manoel de Barros escreveu “O apanhador de desperdícios” baseando nela.“

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