You-Jeong Jeong nasceu em 1966, na Coreia do Sul. Publicou quatro romances e é uma das mais célebres autoras de thrillers do seu país.
Hoje irei falar sobre um dos seus livros chamado O Bom Filho, narrado em primeira pessoa pelo protagonista Yu-jin, que ainda criança é obrigado a se aposentar em razão das crises de epilepsia. O rapaz divide um apartamento luxuoso com a mãe e leva uma vida muito boa em uma cidade da Coréia. Até que um dia ele acorda sentindo um cheiro metálico e uma ligação muito estranha do irmão dele perguntando se está tudo bem na casa deles, só que quando ele desliga a ligação e sai do quarto para ir até a cozinha, se depara com a mãe dele e ela está morta. A partir daí, ele tenta entender o que aconteceu na casa enquanto estava dormindo, por que sua mãe estava morta e ele, banhado em sangue.
Ou seja, desde o início, o leitor já é alertado para um estado de confusão mental e a inescrupulosidade que permeiam o comportamento do protagonista dessa história dividida em cinco partes: “Um chamado na escuridão”, “Quem sou eu?”, “Predador”, “A origem das espécies” e “Epílogo”. A narrativa revela nas primeiras páginas que estamos diante de um psicopata que manipula suas próprias memórias para conseguir prosseguir e conviver entre pessoas sem levantar suspeitas. A construção que a autora fez desse personagem-vilão é muito boa e nos aproxima dele, porque faz com que uma aparente normalidade esconda algo terrível.
O final da história, ainda que injusto na minha opinião, foi insatisfatório porque por acompanhar a mente perturbada do protagonista, vi como por causa da autopreservação e até aceitação, uma mente psicopata consegue ir e não levar uma punição pelos atos.
Na Coreia do Sul, You-Jeong Jeong é festejada como uma “Stephen King de saias” (odiei essa parte, mas não vamos entrar no mérito sexista aqui). Com timing notável para o suspense. Com esses recursos narrativos e sua própria experiência dentro da medicina, a autora nos entrega uma história envolvente, instigante e repleta de surpresas, tornando impossível de largar o livro enquanto não terminar a leitura.
Graduada em Serviço Social pela UNISULMA e faço parte do Clube de Livros Mulheres em Prosa que é um grupo de leitura de mulheres que leem mulheres e que se reúnem uma vez a cada dois meses para debater uma obra de autoria feminina. Nessa coluna, pretendo compartilhar com vocês sobre as leituras que já fiz e quais as percepções que elas me trouxeram. Uma frase que gosto muito é da Rosa Luxemburgo que diz o seguinte: ”Quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem”.