Octavia Estelle Butler, mais conhecida por Octavia Butler, foi uma escritora afro-americana consagrada por seus livros de ficção científica feminista e por inserir a questão do preconceito e do racismo em suas histórias, que frequentemente reproduzem a dominação darwiniana da humanidade do fraco pelo forte como um tipo de parasitismo. Não raro, estes seres superiores, quer sejam alienígenas, vampiros, super-humanos ou senhores de escravos, encontram-se desafiados por um protagonista que encarna a diferença, a diversidade e a mudança.
O livro Kindred: Laços de Sangue, no qual irei falar hoje, traz uma discussão muito importante sobre o racismo e é o primeiro livro de ficção científica escrito por uma mulher negra.
Dana, é uma mulher negra que vive em 1976 e está de mudança com seu marido Kevim para um novo apartamento. Depois de se conhecerem em um emprego temporário, ambos se apaixonaram por compartilharem várias paixões, entre elas, a escrita. Porém, enquanto organizam as coisas, algo muito estranho acontece e, ao sentir uma vertigem, Dana se vê dentro de uma floresta e precisa salvar um garoto que está se afogando. Ao sair da água, ela se depara com uma arma apontada para ela, então ela retorna ao seu apartamento e percebe que se passaram apenas alguns segundos. O problema é que Dana passa a voltar constantemente para o século XIX, para a Guerra Civil, um período de escravidão. Ela passa a sentir na pele o que seus ancestrais viveram e é extremamente triste, incômodo e até nauseante ver a descrição das cenas de açoite ou punição que os escravos sofriam; e a única forma que ela tinha de voltar para sua casa, é ajudando uma de suas ancestrais. Mas será que viver numa época de escravidão não vai mudar a vida de Dana?
O livro é denso, mas ao mesmo tempo leve, a temática é tensa. Mas a narrativa da autora faz com que a leitura flua. Ela consegue fazer com que sintamos na pele a angústia da personagem.
Kindred é uma leitura mais do que recomendada a todo leitor. É uma realidade forte e que não deve ser esquecida, é trabalhada em formato ficcional de viagem no tempo, mas que transpõe seu peso e valor em uma escrita simples, fluída e cheia de significado.
Graduada em Serviço Social pela UNISULMA e faço parte do Clube de Livros Mulheres em Prosa que é um grupo de leitura de mulheres que leem mulheres e que se reúnem uma vez a cada dois meses para debater uma obra de autoria feminina. Nessa coluna, pretendo compartilhar com vocês sobre as leituras que já fiz e quais as percepções que elas me trouxeram. Uma frase que gosto muito é da Rosa Luxemburgo que diz o seguinte: ”Quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem”.