Sou Juliana de Sá, jornalista, apaixonada por histórias reais. Como estava com um tempinho livre resolvi tentar a sorte e dirigir por aplicativo. Comandar um veículo em uma cidade com o trânsito intenso como Imperatriz (MA) é realmente uma aventura, e isso tem sido uma grande experiência. Ouço histórias incríveis que vou trazer para vocês semanalmente. Afivele o cinto e vamos para a primeira história.
Logo na primeira semana como motorista de App, estava dirigindo lá pelo bairro Vila Fiquene quando recebi uma chamada, atendi e fui buscar a passageira. Quando ela chegou, vi que estava grávida, com prováveis sete meses de gestação. Fui puxando assunto sobre o bebê. Foram 20 minutos de um papo que me mostrou aonde a ciência pode chegar.
A mulher me contou que quando estava com pouco mais de 20 semanas seu bebê foi diagnosticada com um problema grave de saúde, que para ser resolvido precisaria de intervenção cirúrgica ainda durante a gravidez. Os pais e o restante da família juntaram todas as economias, pediram dinheiro emprestado e embarcaram mãe e filha para um hospital em São Paulo, que é referência nacional nesse tipo de tratamento.
Eu fiquei de boca aberta e perguntei: “Mas como assim uma cirurgia, no meio da gestação? ”. A passageira com muita calma me explicou que a pequena foi retirada da barriga, operada e colocada novamente no útero para passar mais uns meses com o calor e proteção do corpo da mãe.
A viagem já estava na metade e eu senti que ia faltar tempo para saber de tudo, e fiquei de ouvidos atentos para cada detalhe.
Após a cirurgia, mamãe e filha voltaram para Imperatriz e tiveram que passar por um longo repouso. A mulher teve que se afastar do trabalho, não podia fazer exercícios bruscos e era acompanhada semanalmente por uma equipe médica.
A corrida acabou e deixei a jovem na porta do hospital para mais uma consulta. Fiquei na torcida para que tudo ocorresse bem. O nascimento oficial da menina estava previsto para o fim de fevereiro.