Ouço histórias dos mais diferentes tipos todos os dias, essa em especial me tocou muito. No fim da tarde de uma terça-feira, o movimento estava fraco, então retirei o filtro que eu usava para receber chamadas somente de mulheres. Estava no bairro Nova Imperatriz quando embarquei um senhor de aproximadamente 50 anos, muito educado e bonito.
O destino dele era no bairro Santa Rita, uns 5 minutos de percurso. Bem no início do trajeto, passamos em frente a um bar com uma mesa de sinuca. Começamos a falar sobre jogos apostados e, sem saber, atingi o ponto fraco do meu passageiro.
Ele contou que tinha acabado de vencer um campeonato de sinuca e ganhado R$ 25 mil reais como premiação.
Eu o parabenizei: – Nossa que legal, prêmio bom!
Ele respondeu: Isso não é nada moça, visto o que já perdi por conta deste maldito vício.
O clima ficou tenso nesse momento e eu não falei mais nada.
Então ele disparou: – Moça, eu já perdi três casamentos, porque mulher nenhuma suporta isso, um dia tenho dinheiro para tudo e no outro não tenho para nada.
Continuou dizendo que recebe um salário bom, porém, aquela corrida quem ia pagar era o filho. Perguntei porque então ele não parava de jogar. Ele respondeu: “O jogador sempre pensa que a próxima vez vai ser melhor e vai livrar o furo”.
Ele falou tudo isso sem nenhum receio, pois se reconhecia como dependente.
Chegamos ao destino, ele me entregou o dinheiro e ainda me deu uma lição: “Nunca diga que você está no fundo do poço, pois sempre é possível cavar mais um pouco”.
Enxuguei a lágrima e segui caminho.