Fim de jogo!

Ouço histórias dos mais diferentes tipos todos os dias, essa em especial me tocou muito. No fim da tarde de uma terça-feira, o movimento estava fraco, então retirei o filtro que eu usava para receber chamadas somente de mulheres. Estava no bairro Nova Imperatriz quando embarquei um senhor de aproximadamente 50 anos, muito educado e bonito.

O destino dele era no bairro Santa Rita, uns 5 minutos de percurso. Bem no início do trajeto, passamos em frente a um bar com uma mesa de sinuca. Começamos a falar sobre jogos apostados e, sem saber, atingi o ponto fraco do meu passageiro.

Ele contou que tinha acabado de vencer um campeonato de sinuca e ganhado R$ 25 mil reais como premiação.

Eu o parabenizei: – Nossa que legal, prêmio bom!

Ele respondeu: Isso não é nada moça, visto o que já perdi por conta deste maldito vício.

O clima ficou tenso nesse momento e eu não falei mais nada.

Então ele disparou: – Moça, eu já perdi três casamentos, porque mulher nenhuma suporta isso, um dia tenho dinheiro para tudo e no outro não tenho para nada.

Continuou dizendo que recebe um salário bom, porém, aquela corrida quem ia pagar era o filho. Perguntei porque então ele não parava de jogar. Ele respondeu: “O jogador sempre pensa que a próxima vez vai ser melhor e vai livrar o furo”.

Ele falou tudo isso sem nenhum receio, pois se reconhecia como dependente.

Chegamos ao destino, ele me entregou o dinheiro e ainda me deu uma lição: “Nunca diga que você está no fundo do poço, pois sempre é possível cavar mais um pouco”.

Enxuguei a lágrima e segui caminho.

Juliana de Sá

Jornalista por formação e curiosa por vocação! Nas horas vagas dirijo por aplicativo nas ruas de Imperatriz, onde ouço todo tipo de história e as transformo em texto. Às histórias são reais com uma leve liberdade poética, se você gosta de imaginar venha comigo nessa!

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