Já parou para pensar em como os seus gostos mudaram ao longo dos anos? Algumas (poucas) certezas permaneceram, mas é mais do que natural deixar de gostar de algumas obras e autores que antes eram muito apreciados, ou, quando não, ressignificar os nossos gostos literários.
Como bem cantou Raul Seixas: “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.” Como leitora, dou-me o direito de mudar de opinião para o bem ou para o mal.
E por falar em Raul, lembrei de um de seus mais conhecidos parceiros de composição: o escritor Paulo Coelho. Durante a adolescência, fui uma de suas entusiastas leitoras. Uma colega de escola possuía algumas obras, “herdadas” de uma irmã mais velha. Meu interesse pelo misticismo e pelo esotérico me aproximaram muito da leitura e, imersa nas páginas de Paulo Coelho, eu sentia que cada obra abria um portal para o místico e o desconhecido.
Na época, li pelo menos uns 7 livros do autor, no entanto, ao revisitar esses livros hoje, encontro-me distante. A magia, dessa vez, não ocorre. Passei a achar as obras enfadonhas, embora ainda goste bastante do livro “Maktub”.
À medida que crescemos, algumas histórias e autores que antes nos cativavam tanto podem simplesmente perder seu encanto. O que antes era profundamente significativo agora parece simplista. Sem muito esforço, consigo lembrar de pelo menos mais dois autores que, em algum momento da minha vida, deixaram de ter o mesmo apelo: Augusto Cury e Sidney Sheldon, por exemplo.
Essas mudanças não diminuem o valor das obras nem dos autores ou invalidam a experiência passada; elas simplesmente refletem uma evolução como leitora. Deixar de gostar de um autor ou gênero não é um adeus definitivo, mas sim um reconhecimento da riqueza de opções que o mundo literário oferece.
Conforme trocamos velhas paixões por novas descobertas, percebemos que nossa estante é um testemunho vivo de quem éramos, quem somos e quem podemos nos tornar como leitores em constante transformação.
Eu quero dizer
Agora o oposto do que eu disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante.(Raul Seixas em Metamorfose ambulante)