Em outra língua

Mais um dia nas ruas de Imperatriz do Maranhão, liguei meu carro e fui buscar os passageiros. No meio da manhã, recebi uma solicitação e atendi.

Me direcionei para um prédio no bairro Santa Inês, desceu uma menina, uma linda bailarina que estava indo para a escola de dança.

Ela toda fofa, de saia rodada e cabelo bem penteado. Puxei assunto sobre a dança.  Ela começou falando dos tipos de escola, contou que é da escola inglesa. Falou que o balé é classificado em vários níveis, são anos de estudo. Me explicou que não é somente pompa, o balé é disciplina e muito ensaio. Ela começou novinha, aos 3 anos de idade e no dia tinha 16 e já era profissional.

E foi falando e a motorista ouvindo…

Quando começou a dançar, os pais e ela ouviram de uma professora que para se destacar mais na dança e aprender melhor os comandos, precisaria aprender outra língua. Porém, os pais não tinham condições financeiras de pagar a escola de danças e mais a escola de idiomas.  Resolveram aprender em casa, mesmo que fosse só o mínimo.

Os pais que também não falavam outro idioma, não mediram forças e entraram de cabeça na missão de aprender inglês. Trocaram todo o sistema eletrônico da casa para a língua inglesa, isso mesmo, filmes, desenhos, o sistema do celular e do computador tudo estava em inglês. 

Quando ouvi, pensei: “Como não pensei nisso antes?”.

Além da mudança, eles praticavam dentro de casa, conversavam o máximo possível na língua estrangeira. Todo mundo entrou na onda e em pouco tempo já falavam e compreendiam um ao outro.

Quando completou 14 anos a menina já falava inglês em nível avançado, mas não se deu por satisfeita, queria mais. Durante uma viagem a Argentina resolveu se desafiar a aprender uma terceira língua e partiu para o espanhol e com muito esforço conseguiu.

Nesse dia aprendi com uma adolescente de 16 anos que nada é impossível e nem tão simples. Devemos sair da zona de conforto e ir em busca de mais, sempre é possível mais.

Juliana de Sá

Jornalista por formação e curiosa por vocação! Nas horas vagas dirijo por aplicativo nas ruas de Imperatriz, onde ouço todo tipo de história e as transformo em texto. Às histórias são reais com uma leve liberdade poética, se você gosta de imaginar venha comigo nessa!

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