A participação da mulher em importantes decisões no contexto africano - o caso de Wangari Maathai

Podemos afirmar que a cultura africana por si só, têm características predominantemente masculina, e que em muitas culturas a mulher é tratada como mais uma propriedade do homem. Esse aspecto na África ocidental não podia ser  diferente.

Quero lhes contar um pouco da história de uma grande mulher africana, ganhadora do prêmio Nobel da Paz e Queniana, a sua principal bandeira foi a defesa intransigente do meio ambiente, até o ponto que sua liderança parou a destruição de um parque ecológico na capital do Quênia, Nairobi.

Wangari Muta Maathai nasceu em Nyeri, Quênia, em 1º de 1940. Ela cresceu em uma pequena vila, seu pai sustentava a família trabalhando como arrendatário. Nesse contexto, o Quênia era uma colônia britânica. Sua família era cristã, mas, quando criança, ela levou a sério as crenças espirituais de seus ancestrais da sua tribo Kikuyu, que reverenciavam o Monte Quênia pela água doce que fornecia. Eles consideravam algumas árvores sagradas, como é o caso do Mugumo.

Sua família decidiu enviar Maathai para a escola, era incomum que as meninas tivessem um diploma de educação naquela época. Ela começou a frequentar a escola primária quando ela tinha 8 anos de idade. Era uma excelente aluna. Maathai continuou os estudos na Loreto Girl’s High School. Em 1960 ela ganhou uma bolsa para estudar  em Atchison, Kansas, Estados Unidos. Lá ela se formou em biologia e dois anos depois fez mestrado em ciências biológicas na Universidade de Pittsburg e se inspirou nos movimentos pelos direitos civis e anti guerra do Vietnã nos Estados Unidos.

Quando ela voltou para o Quênia, ela estudou anatomia na Universidade de Nairóbi. Em 1971, ela se tornou a primeira mulher na África Oriental a obter um doutorado e em 1976 virou a primeira mulher a presidir um departamento universitário na região. Ela defendeu o empoderamento feminino e fundou o Green Belt Movement em Nairóbi. Wangari continuou a desenvolver o referido movimento em uma organização de base ampla cujo foco era o plantio de árvores em grupo de mulheres para conservar o meio ambiente e melhorar sua qualidade de vida.

Por meio do Green Belt Movement, ela ajudou mulheres a plantar mais de 20 milhões de árvores em suas fazendas e escolas e em igrejas no Quênia e em toda a África Oriental. Wangari estava muito empenhada em promover e defender os direitos humanos, especialmente para as mulheres das aldeias.

O que tornou Maathai única foi sua capacidade de liderança. Ela era uma líder nata cheia de determinação e encontrou uma maneira de colocar suas ideias sobre liberdade, empoderamento e cuidado, ela estava determinada a lutar pelo que acreditava.

Em 1989, ela liderou uma vigorosa campanha para impedir o governo de construir um complexo multibilionário no Parque Uhuru de Nairóbi. O presidente queniano planejava construir um Times Media Complex, uma torre de 60 andares que seria a sede da Kanu, escritórios e shopping centers.   Wangari e outros defensores da democracia desafiaram o presidente nos tribunais e travaram uma campanha internacional que culminou com o governo abandonando o projeto em fevereiro de 1990.

Hoje a professora Maathai é  reconhecida internacionalmente por sua luta pela democracia, direitos humanos e preservação ambiental, ela é referência para muitas mulheres africanas que desejam conquistar sua  liberdade e ter direito de participação nas esferas de decisão publicas e privadas.

“No curso da história, chega um momento em que a humanidade é chamada a mudar para um novo nível de consciência, para alcançar um patamar moral mais elevado. Um momento em que temos que perder nosso medo e dar esperança um ao outro. Essa hora é agora.” (Wangari Maathai)

Alfredo Monteiro

Cearense. Missionário consagrado. Agente de transformação social. Graduado em serviço social e desenvolvimento sustentável

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