O impacto da comunicação no trabalho

Rosenberg (2006) acredita que a natureza do ser humano é compassiva. A linguagem e o uso das palavras exercem um papel crucial na manutenção desse estado natural de compaixão, mesmo nas situações mais dolorosas e difíceis. A comunicação é um dos problemas mais presentes nas organizações e, muitas vezes, um dos menos solucionados, especialmente quando se trata de trabalhar esse fator tão importante dentro das empresas.

Em determinado momento da minha vida, eu já não sabia o que era a comunicação em si ou o que caracterizava o assédio moral. Sempre gostei de trabalhar, de ter meu próprio dinheiro e de aprender. Sempre agarrei as oportunidades que eu entendia como tal, mas, às vezes, eu confundia oportunidade com imposição. Acabava aceitando situações que me colocavam em desconforto, acreditando que isso fazia parte do processo de crescimento profissional. Mas, depois de refletir e buscar mais conhecimento sobre comunicação e o ambiente de trabalho saudável, que percebi o impacto negativo de uma comunicação agressiva e desrespeitosa na minha saúde mental e no meu desempenho.

        Com isso, fui aceitando algumas experiências no mercado de trabalho, pois, na época, eu não podia fazer grandes exigências, já que ainda não tinha uma graduação e queria ter meu próprio dinheiro. Então, uma pessoa havia conhecido um empresário de grande renome em uma cidade. Inteligente e influente, esse empresário possuía um nome que, ao ser pronunciado, causava um impacto, refletindo a grande influência que ele exercia na vida das pessoas. No entanto, para mim, ele trouxe um impacto negativo, com sua comunicação violenta e dolorosa, carregada de assédio moral. Mas não foi dessa forma que descobri.
         Em um momento, surgiu uma oportunidade de trabalhar em uma empresa dessa pessoa, que parecia ser respeitoso, inteligente e que havia me ensinado (ou melhor, era sua obrigação) muitas coisas sobre a atividade que ele administrava. O trabalho dele era algo muito novo e difícil para mim; com pouca experiência de mercado, eu não aprenderia tão rápido, mas dava o meu máximo. Certa vez, esse empresário percebeu que eu não era muito boa em cálculos, e realmente, eu nunca fui.
         No entanto, ele não aceitava que eu fizesse “simples” cálculos de 5 mil a 8 mil reais na calculadora. Um dia, chegou um cliente e eu peguei a calculadora, mas o patrão, ao meu lado, na frente do cliente, tomou a calculadora das minhas mãos e disse bravamente: “Não! ” Ele continuou: “Ela tem que fazer esse cálculo de cabeça para aprender.” Na frente do cliente, ele repetiu diversas vezes que eu não era boa com cálculos, que eu não sabia de nada, e que 8 mil reais era um cálculo simples a ser feito de cabeça.
          Quando o cliente saiu ele reforçou mais uma vez a minha fragilidade e gritou comigo dizendo ‘’não quero você usando calculadora!’’  Naquele dia veio o constrangimento, o medo, bloqueio e incapacidade, um misto de angustias. Senti o peso da desconfiança e a frustração de não conseguir atender às expectativas impostas. Meu coração acelerou, minhas mãos suaram, e por um instante, duvidei da minha própria competência.

         O grande problema não estava em mim, mas no administrador daquela empresa, que maltratava todas as mulheres que já trabalhavam com ele. É triste perceber como a comunicação ainda precisa ser trabalhada e desenvolvida nas empresas, buscando uma abordagem mais humana para os colaboradores. É primordial ensinar e promover um ambiente onde o respeito, a empatia e a valorização das pessoas sejam uma base das relações profissionais, pois é assim que a comunicação deve ser vívida e praticada.

Juliana Souza

Sou formada em Administração e atualmente pós-graduanda em Gestão de Pessoas e Desenvolvimento de Equipes, com foco em áreas essenciais como gestão de negócios, empreendedorismo e processos administrativos. Nesta coluna do Portal Assobiar, meu objetivo é compartilhar insights sobre como fortalecer equipes e tornar as organizações mais consistentes e eficientes. Além disso, estou cursando MBA em Gestão da Inovação, trazendo uma visão atualizada sobre inovação e competitividade no mundo empresarial, sempre priorizando a saúde mental e promovendo uma abordagem mais saudável e compassiva nas organizações.

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