Palavra eleita pelo Dicionário Oxford em 2024, significa “cérebro derretido” e é um alerta para uso exagerado de redes sociais. 

Scroll, mutual e soft block, você já deve ter ouvido falar delas pelo menos uma vez. São palavras em inglês de diferentes significados e vem se tornando cada vez mais comuns no vocabulário de brasileiros que usam as redes sociais. Em 2024, o Dicionário Oxford de inglês elegeu “Brain Rot” como a palavra do ano. Usuários de redes sociais e internautas brasileiros ficaram em polvorosa pois em todo ano nunca tinham ouvido falar dela.

Brain rot ou em português, “cérebro derretido” é um termo para definir conteúdos de baixo valor consumidos na internet. Pode causar a danificação mental ou intelectual e os sintomas são variados: dificuldade de concentração, desinteresse por atividades que desafiam, fadiga ocular e cansaço mental. Muitos internautas podem até não ter ouvido falar do termo, mas o uso exagerado de redes sociais é uma realidade no Brasil. 

Segundo o levantamento da Comscore, empresa estadunidense que analisa redes sociais e internet, indica que o Brasil é o terceiro país do mundo com maior consumo de redes sociais. O levantamento mostra que o país é o primeiro da América Latina com maior acesso às plataformas Facebook, Instagram e Youtube, representando 131,5 milhões de pessoas. 

O relatório Digital 2024: Brazil, produzido pela We Are Social e Meltwater mostra que os brasileiros gastam 9 horas por dia em redes sociais. O dado revela que 78% de quem usa a internet por meio dos celulares procuram por informações e 66% consomem vídeos, séries e filmes. 

O TikTok, rede social chinesa, é um exemplo de plataforma de conteúdos criados para o entretenimento em vídeos. Desde seu surgimento, contas e perfis acumulam conteúdos de edits de música e cortes de séries e filmes de TV, conhecidos como “Fort History”, destaque para Hilda Furacão, minissérie brasileira, lançada em 1998 pela Rede Globo, se tornou viral dentro da rede após cortes de cenas com frases impactantes da trama. 

Desde dezembro de 2024, o TikTok, já acumula milhões de vídeos com o tema “artigos para você não derreter o seu cérebro”, virais que ajudam pessoas que passam muito tempo consumindo conteúdos de baixo valor na rede social. Nesses vídeos, os criadores de conteúdo indicam sites para leitura e exercício para o cérebro. Na aba “destaque da pesquisa”,criada por inteligência artificial pela própria empresa, dá algumas dicas de conteúdos que podem ser consumidos fora da rede para o “cérebro não virar geleia”. 

O termo também pode ter outras facetas, como o “cronicamente online”. Uma pessoa que tem referências de tudo na internet e conversa por memes, pode ser uma pessoa que já está com o cérebro cozido, é o que indica o questionário do Buzzfeed: “Só um verdadeiro viciado em internet marca mais de 20 nesse quiz”.

A psicóloga Talita Lima, explica que é importante ficar atento ao vício as redes sociais, pois a dependência pode gerar a rolagem infinita, o conhecido scroll, para isso é preciso arranjar hobbies ou atividades que não dependem de smartphones e tecnologias: “Hoje em dia é praticamente impossível se livrar completamente do acesso a smartphones e redes sociais pois já faz parte do dia a dia e até mesmo ferramenta de trabalho. É interessante notar até onde o acesso a telas pode estar atrapalhando em sua vida”. 

Ela complementa dando dicas, mas o gosto é individual, o importante é que as telas e redes sociais estejam distantes: “Atividades para substituir o “scroll infinito” são bem subjetivas, pois vai do gosto individual de cada um e de como se identifica com outros hobbies, mas o importante é que seja algo que não tenha a ver com telas. Pode ser uma boa leitura, jogos como caça palavras, atividades físicas, e momentos de socialização com família e amigos”. 

Rennan Oliveira

Me formei em jornalismo pela Universidade Federal do Maranhão em 2024, trabalhei em produção de TV e reportagem, produção publicitária e analista de comunicação. Atualmente trabalho como repórter freelancer no Portal Asssobiar, desenvolvendo pautas com temáticas em cultura e direitos humanos. Me interesso por jornalismo cultural e comportamento.
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