O rendimento escolar, pobreza e tradições culturais no norte do Quênia

Sem dúvida, a educação é uma ferramenta indispensável quando se quer investir no desenvolvimento econômico e social. Mas como ter bons resultados no rendimento escolar quando nem sequer as necessidades básicas existem?

Nesta ocasião, compartilho com vocês a situação econômica de três estados no norte do Quênia, onde o principal meio de sobrevivência é a criação de cabras, camelos, ovelhas e gado.

Nessa parte do Quênia, é muito comum as crianças não irem à escola porque têm que pastorear grandes rebanhos, seja de cabras, ovelhas, camelos ou gado. Por aqui, ter animais é sinal de riqueza. É também através da criação de animais que as famílias retiram boa parte do seu sustento, seja consumindo a carne e o leite, seja vendendo animais para comprar utensílios ou em casos de emergência. Nessa região, normalmente são as crianças (meninos) entre 5 e 19 anos que pastoreiam o rebanho. Esse é um trabalho genuinamente masculino. Em algumas tribos, como a Pokot, aqueles que pastoreiam o rebanho são considerados guerreiros valentes, capazes de proteger o rebanho e garantir o sustento da família. Já os que vão estudar são considerados inferiores e frágeis. Esse é um desafio cultural que afeta o rendimento escolar de muitas crianças, e outras nem sequer são matriculadas para o ano letivo porque têm que cuidar do rebanho.

Outro fator que influencia no rendimento escolar é a ausência dos familiares em relação à responsabilidade de ajudar ou incentivar os estudantes a fazer o dever de casa. Para muitas famílias, a responsabilidade é somente da escola em educar e formar as crianças em idade escolar.

Um terceiro fator é que muitos não têm o necessário para comer, então ir à escola é uma oportunidade de conseguir duas refeições por dia.

Diante dessa situação, os professores têm a missão de educar levando em consideração, por um lado, as dificuldades materiais de seus alunos e, por outro lado, a aplicação da política nacional de educação do país, que exige que os alunos atinjam suas devidas qualificações e notas. Eis aí o grande desafio.

Alfredo Monteiro

Cearense. Missionário consagrado. Agente de transformação social. Graduado em serviço social e desenvolvimento sustentável

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