Histórias tristes sempre mexem muito comigo, essa então passei a semana emotiva. Estava próximo a UPRI – Unidade Prisional de Ressocialização de Imperatriz, em um sábado de manhã quando recebi uma chamada. Fui. Chegando lá, uma jovem embarcou uma idosa de mais ou menos 80 anos, a senhora estava visivelmente abalada. Coloquei a 1ª marcha e segui.
Perguntei se estava tudo bem, ela não conseguiu responder, soltou as lágrimas que estava tentando segurar e chorou muito. Seu destino era o bairro Bom Sucesso, tínhamos uns 30 minutos de caminho pela frente.
Quando conseguiu falar algumas palavras, ela disse que tinha indo visitar o neto de 19 anos que estava preso há uma semana. O neto foi detido por baderna em um bar e para ser solto precisava de uma fiança de 2 mil reais e a aposentada não tinha esse dinheiro para pagar.
A história é muito dramática e eu fiquei sem saber o que dizer e não disse nada, só ouvi. A mulher desabafou, parece que ela estava precisando fazer isso.
A idosa me disse que já tinha andado em todas as instituições financeiras da cidade em busca de empréstimos, mas ela já estava com toda sua aposentadoria comprometida em outros financiamentos. A mãe do rapaz tem problemas mentais e o pai nunca assumiu a responsabilidade. A idosa e o esposo criaram o neto, que ficou rebelde e frequentemente se metia em confusão por causa de bebedeira. “Eu o criei como filho e vou conseguir um jeito de ajudá-lo”, disse.
Foram muitas lágrimas durante o trajeto e quando chegamos ao destino a ajudei a descer e dei um forte abraço nela. Naquele momento, senti que estava abraçando centenas de outras avós que assumem o papel de criar os netos, mesmo não tendo mais esse dever.
O velhinho veio buscar a esposa na porta, me despedi e disse que de algum jeito as coisas iriam se resolver. Eles sorriram e agradeceram.