Memórias afetivo-literárias: “Eu juro solenemente não fazer nada de bom” - Parte I

O texto de hoje é uma colaboração do meu amigo Marcos Tand, cinéfilo e aspirante entusiasta a diretor-roteirista-ator de cinema e, como se não bastasse, é escritor de livros, locutor e cantor também. Nos conhecemos no curso de jornalismo e nos tornamos amigos muito rapidamente – ele, calouro e colega de classe de uma amiga – eu, no quarto ou quinto período. O Marcos Tand (ou Marcustandi, como costumo chamá-lo carinhosamente) tem um blog pessoal onde escreve sobre cinema, livros e variedades numa linguagem bem descontraída, quase um convite ao ritmo da música “Deixa isso pra lá: “Vem pra cá, o que é que tem? E eu não tô fazendo nada nem você também. Faz mal bater um papo assim gostoso com alguém? ”. Ao meu pedido ele escreveu um texto sobre um livro (na verdade, uma saga) que marcou sua vida: Harry Potter. Fiquem agora com a primeira parte.

Marcos Tand: Julho de 2003 foi um divisor de águas na minha vida como leitor. Desde criança eu tive paixão por bons livros, fossem estes novos ou velhos. A primeira viagem sem meus pais, apenas com minha avó, rendeu ótimas experiências e amizades. Dentre elas, a de um garoto órfão que morava debaixo de uma escada na casa dos tios e usava óculos redondos, que destacavam sua cicatriz em forma de raio bem no meio da testa.

Saí de Praia Norte, interior do Tocantins, vim para Imperatriz (sem saber que algum dia moraria aqui onde nasci) e fui com minha avó para a cidade de Pedreiras – MA. Antes de embarcar na caminhonete azul escuro, uma prima me emprestou um livro novinho.

– Toma. Lê e depois me conta. Acho que tu vai gostar.

“O Mundo Mágico de Harry Potter”, de David Colbert. A capa não era lá muito atraente, mas era melhor ler do que ficar prestando atenção em conversas chatas de adulto, pensei. O sacolejo da estrada me tirava fácil a concentração, decidi então continuar apenas quando chegássemos ao destino.

Lembro bastante de tudo que vivi em Pedreiras e foi uma das melhores partes daquelas férias. Ficamos lá por uma semana inteira e nesse tempo eu li pouco, pois precisava explorar a cidade, era tudo novidade. Antes de voltar à Imperatriz, a última coisa na qual passei os olhos foi um trecho do livro. O autor discorria sobre o protagonista de uma série literária de sucesso chamada “Harry Potter”, na qual aconteciam bastante aventuras dentro de um trem que levava alunos à uma escola de magia. Foi o suficiente para eu passar o resto da viagem toda imaginando como seriam esses livros. Como ironia do destino, nosso meio de transporte para Imperatriz foi um trem.

– E aí, tu gostou do livro? – A prima mal esperou eu me reinstalar em sua casa. Dei desculpas esfarrapadas e minha avó complementou: “O menino tá de férias! Tu acha mesmo que ele ia ficar lendo com tanta coisa pra brincar? ”. A procrastinação foi embora e comecei a devorar cada página logo após o café.

Idayane Ferreira

“Jornalista com “abundância de ser feliz”, mais “da invencionática” do que “da informática”, acredita piamente que Manoel de Barros escreveu “O apanhador de desperdícios” baseando nela.“

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