Emprestar ou não emprestar livros? Eis a questão!

Fiz uma enquete rápida entre os meus amigos do Instagram perguntando se eles costumam emprestar livros e para minha grande surpresa das 25 pessoas que responderam, 18 disseram que sim. Acredito que emprestar livros seja um ato de desapego, mas ouço mentalmente os motivos daquelas 7 pessoas que disseram não emprestar.

Primeiro e principal motivo: as pessoas não devolvem os livros que pegam emprestado. Provavelmente você já passou por isso. Emprestou um livro com muita boa vontade (ou depois de muita insistência) para alguém e nunca mais viu. Por outro lado, talvez esse alguém que pegou o livro e não devolveu seja você. Ou ainda, como é o meu caso, você já emprestou livros que nunca recebeu de volta e também já pegou livros que não devolveu.

Sempre devolvo os livros, mas só depois de lê-los. É a minha regra. Ainda que demore uma década, o livro volta para a pessoa amada ou melhor dizendo, para o dono ou dona. Na minha estante, inclusive, os livros que me foram emprestados estão separados e bem na frente, ao alcance dos olhos e das mãos. Não faz muito tempo parei de pegar livros emprestados para além dos que já estão na minha estante, o que considero uma das minhas ações anti antibibliotecas. Por outro lado, já emprestei livros bem-queridos, como a biografia da Clarice Lispector, e não lembro para quem. 

Segundo motivo: nem todo mundo tem cuidado com os livros. Já aconteceu de eu emprestar um livro e ele voltar com a capa danificada, com folhas manchadas, dobradas ou cheias de rabiscos. Difícil descrever o que senti, pensei na palavra desgosto, mas ainda é pouco.

Terceiro motivo: livros são caros. Alguns são verdadeiras obras de arte ou edições limitadas. Você empresta e corre o risco de nunca mais receber de volta. Melhor não.

Quarto motivo: até empresto, mas depende da pessoa. E ainda faço milhares de recomendações: “por favor não dobra a ponta da página para marcar, leva esse marcador de página pra isso.” O outro te olha como se você tivesse acabado de falar a coisa mais absurda do mundo. Mas para você, absurdo mesmo é dobrar a ponta da página quando se pode usar um marcador.

Pensei em outros tantos motivos que expliquem não emprestar livros, como por exemplo, ter apego e carinho demasiado pelas suas coisas ou não gostar de emprestar nada, afinal, você está no seu direito e está tudo certo. Mas, para além das experiências supernegativas que já tive ao emprestar meus livros, lembrei dos agradecimentos, da sensação boa de ter com quem falar sobre determinada obra, de saber que mais pessoas terão acesso àquelas palavras que tanto me tocaram. Empresto meus livros desejando ardentemente não apenas que a pessoa me devolva, mas que ela leia antes.   

Idayane Ferreira
Idayane Ferreira

“Jornalista com “abundância de ser feliz”, mais “da invencionática” do que “da informática”, acredita piamente que Manoel de Barros escreveu “O apanhador de desperdícios” baseando nela.“

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